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A QUEM INTERESSA A ELEIÇÃO
por Onofre Ribeiro
As eleições de 2006 em Mato Grosso estão se dirigindo a um público até mesmo numericamente desconhecido dos partidos políticos e da maioria dos candidatos. Está se usando um marketing genérico para uma população aparentemente uniforme. Mas na realidade, a população de Mato Grosso não é uniforme.
Vamos a alguns números. Primeiro, os habitantes do estado, segundo levantamento do IBGE para 2005, calculado em 2.505.246. Desses, 89%, ou 1.320.000, têm até 24 anos e 62%, ou 1.542.000, têm até 29 anos. Está bem claro que a maioria dos habitantes são jovens. Se são jovens, suas aspirações são o futuro. Não adianta falar-lhes do passado, que nada significa para elas. Passado, passou!
Até os 14 anos, são 595.114 habitantes, correspondentes a 23,7%.
Quando esses números são jogados no campo dos eleitores, pelos dados de 2006, do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, a diferença mostra uma certa identidade numérica em relação à participação dos jovens.
No universo de 1.940.270 eleitores, os de 16 anos representam 24.844 jovens. Os de 17 anos são 38.407, os de 18 a 24 anos são 380.741 eleitores e os de 25 a 34 anos são 500.806. Somados, eles são 944.288 eleitores, 48,6% do eleitorado estadual.
Já o eleitorado com mais de 34 anos soma 995.972, ou 51,4%.
Aqui entram as considerações que me parecem muito oportunas. A população de Mato Grosso tem 62% com menos de 29 anos de idade. E tem 89% com menos de 24 anos. Isso, traduzido, significa que é um eleitorado que vive uma das piores fases da vida que é a da indefinição sobre o seu futuro.
Grande parte está nas faculdades, no ensino médio ou no ensino técnico e não tem clareza dos seus cenários futuros. Tampouco, tem clareza dos cenários da sua vida e da vida do estado de Mato Grosso e do Brasil.
Por isso, esta eleição precisa focar-se muito mais no presente e no futuro. Os candidatos que se baseiam no seu passado para falar com os eleitores estão perdidos no tempo.
Há outra coisa que precisa ficar clara. Esses jovens têm pais que levam a vida definida de um modo ou de outro. Mas quando alguém falar para os seus filhos, estará falando para eles, porque hoje não há pai que não esteja preocupado com o futuro dos filhos.
Encerro este artigo deixando algumas reflexões colhidas da própria vida, da observação da realidade, e dos números apresentados: uma população jovem quer saber de futuro. Ela está cheia de restrições contra a política. E só mudará de opinião e votará proativamente, se a política lhes acenar proativamente também.
O discurso tradicional e as propostas tradicionais e genéricas só servirão para afastá-los ainda mais dessa coisa que eles não gostam e não compreendem.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/06/2006 03:45:00 AM      |