Por Ney Bassuino Dutra, economista na Tribuna da Imprensa A economia brasileira funciona atrelada ao real, não ao dólar. É o real que movimenta a máquina produtiva e o consumo dentro do Brasil. Os brasileiros, de Norte a Sul, necessitam do real para adquirirem os alimentos e os utensílios de que precisam para sobreviverem. A moeda é o elemento de medição do valor dos bens produzidos e pode ser convertida nas riquezas que compõem o patrimônio nacional. É o padrão monetário que impulsiona a atividade econômica. Qualquer país pode manter operando sua economia em ambiente fechado, sem exportar ou importar. Todavia, jamais conseguirá ter a economia funcionando sem a moeda. Se a bandeira simboliza o poder político de uma nação, a moeda representa o poder econômico. Zelar pela moeda da pátria é dever cívico de todo o cidadão brasileiro. Então, que significa o Banco Central do Brasil interferindo, diariamente, no mercado de câmbio, com a finalidade expressa de depreciar o real na tentativa vã de impedir a desvalorização do dólar, que é uma decorrência mundial? A equipe econômica do governo Lula-PT, constituída do ministro da Fazenda, do ministro do Desenvolvimento (?), do presidente do Banco Central e diretoria, compartilha da "idéia" de que manter o real degradado é bom para estimular a exportação. Inconcebível!
Então, que significa o Banco Central do Brasil interferindo, diariamente, no mercado de câmbio, com a finalidade expressa de depreciar o real na tentativa vã de impedir a desvalorização do dólar, que é uma decorrência mundial? A equipe econômica do governo Lula-PT, constituída do ministro da Fazenda, do ministro do Desenvolvimento (?), do presidente do Banco Central e diretoria, compartilha da "idéia" de que manter o real degradado é bom para estimular a exportação. Inconcebível! externa está justamente em reforçar o real para que a economia brasileira continue, em qualquer circunstância, apoiando o abastecimento e o consumo do mercado interno. O colapso do dólar pode, se vier a acontecer, ocasionar incalculáveis prejuízos e depauperar os setores financeiros dos países ricos, podendo sobrar alguma coisa para aqui. Muitas fortunas estacionadas nos paraísos fiscais irão evaporar-se. Mas, o Brasil é um país pobre e o nosso mercado financeiro, comparado com os que existem no norte, é pequenino. As perdas financeiras no Brasil serão absorvidas. Os que surrupiaram dinheiro aqui e os depositaram em dólares em paraísos fiscais, receberão o castigo divino. As dívidas externas dos países latino-americanos e dos países do Terceiro Mundo irão dissolver-se à medida que o dólar for perdendo valor econômico. As dívidas externas, desses países, foram contraídas na época em que a moeda (dólar) estava valorizada. Agora, essas dívidas, quando começarem a vencer, terão que ser pagas com moeda (dólar) de poder aquisitivo decrescente. A perda de substância econômica do dólar, balizada como incontido fenômeno monetário mundial, vai refletir negativamente em muitos empréstimos e em muitas fortunas contabilziadas na moeda decadente. O mercado de câmbio mundial, por essa razão, atravessa período de indefinição e percalço, podendo acarretar prejuízos incalculáveis aos que mantiverem grandes reservas dessa moeda. Com a queda prolongada do dólar internacional que se verifica atualmente, não é recomendável a nenhum país fazer reservas substanciais em dólar e, tampouco, pagar antecipadamente uma dívida externa que se decompõe no tempo. Existe uma diferença sutil entre o dólar nacional e o dólar internacional. O dólar nacional tem curso legal e nacionalidade responsável; o dólar internacional é apatrida e tem crescimento contábil independente de jurisdição de qualquer país. Sempre entender que o dólar que gira dentro da economia americana (meio circulante) é da responsabilidade do Tesouro Americano; e, quem responde pela integridade do dólar internacional? De outra parte, importa considerar ser praticamente impossível existir liquidez (conversão em ouro, bens e riquezas) para uma moeda que acambarca volumes gigantescos em depósitos em paraísos fiscais e em outros locais. Trata-se em verdade de dinheiro OCIOSO, miraculoso, visto que aumenta substancialmente impulsionado por juros, na realidade constituído por papel-moeda produzindo mais papel-moeda. Delírio! Essa monumental massa monetária espalhada pelo mundo afora pode acelerar o ritmo de desvalorização do dólar internacional. Toda moeda quando adquire um grau muito elevado de desvalorização, fica irrecuperável. No caso, por tratar-se de moeda de utilidade universal, todos os países do mundo poderão sofrer abalos monetários. A economia americana poderá ser a mais afetada, se o dólar internacional decadente contaminar o dólar nacional (meio circulante). Se isso ocorrer os EUA, para salvarguardar sua economia, poderão lançar um novo dólar (novo padrão monetário) valendo mil ou milhão do atual, dentre outras medidas. O enfoque exposto é conjetura, porém coerente e possível, no caso de colapso do dólar internacional. É impossível prever-se o imponderável; mas, perfeitamente possível precaver-se no caso do ponderável.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/06/2006 03:40:00 AM |
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