Por Chagas Freitas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - Adianta muito pouco o presidente Lula proibir o PT, partidos aliados e seus auxiliares de ficarem especulando e até, desde já, disputando vagas no segundo mandato. Não se fala de outra coisa, nos arraiais governistas. Começou a corrida, com base na reeleição quase certa, valendo para os pretendentes o provérbio árabe: "Bebe água limpa quem chega primeiro na fonte". A briga é de punhais florentinos, fora a raríssima exceção do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que já participou a decisão de não continuar. Começando, então, pelo Ministério da Justiça, indaga-se quem poderá suceder o criminalista ávido por retornar à sua banca. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, aposentou-se antes da hora fiado em que seu antigo e novo partido, o PMDB, apoiaria a reeleição, apresentando, assim, o candidato à vice-presidência. Quem? Ele mesmo. Como o casamento formal gorou, apesar do concubinato continuar, Jobim ficou solto no espaço. Gostaria de retornar ao ministério que ocupou no governo Fernando Henrique, mas há outras hipóteses:
Tarso Genro, ministro da Coordenação Política, sonha com a transposição de suas atribuições atuais para a sólida estrutura que no passado remoto envolvia precisamente o comando político do governo. Existem mais nomes em condições de assumir a vaga, ente eles o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Sigmaringa Seixas, se for reeleito por Brasília, íntimo amigo de Lula, Jorge Viana, governador do Acre. E outros. Meirelles na contramão As atenções voltam-se para a equipe econômica. Se o modelo vai mudar, ou melhor, aprimorar-se para evitar o vexame da paralisação do crescimento, adianta pouco a pretensão de continuidade da dupla Guido Mantega, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento. Aloisio Mercadante seria uma possibilidade, não fosse a disposição do presidente de não mais premiar derrotados nas eleições com altos cargos. Henrique Meirelles, do Banco Central, ficaria na contramão das mudanças imaginadas. Alguém de fora, como Delfim Netto, do PMDB, acenderia a ira petista, apesar de ter o perfil ideal para o que se pretende. Ouve-se, nos corredores do Planalto, a sugestão da busca de um ministério de luminares, grandes nomes não necessariamente da copa e cozinha de Lula, mas capazes até de exprimir uma administração eclética, senão de união nacional, ao menos a maneira de um leque mais aberto que o primeiro governo. Quanto à permanência de determinados ministros, só não ficarão se não quiserem: Waldir Pires, da Defesa, Celso Amorim, das Relações Exteriores, Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, Luiz Furlan, do Desenvolvimento, Dilma Rousseff, da Casa Civil, Luiz Dulci, da secretaria-geral da Presidência. Uma coisa porém é certa nessa equação em início de desdobramento: à maneira do "Sombra" das antigas histórias em quadrinhos, só o Lula sabe...
Editado por Giulio Sanmartini às 9/05/2006 08:28:00 AM |
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