|
Entrevista com Julio Campos
|
Como foi sua experiência no TCE? Júlio Campos: Dentro do Tribunal de Contas você pode tudo e não pode nada. Mas indiscutivelmente aquilo não é função pra um político carismático, que gosta de povo, que gosta de servir à comunidade.
E como está Várzea Grande hoje? Júlio Campos: Várzea Grande é hoje apenas uma cidade dormitório de Cuiabá. Veja, a cidade elegeu três parlamentares de lá: Maksuês Leite, Dr. Wallace e Campos Neto, mas sem um compromisso com Várzea Grande. Tanto é que só agora, depois da minha reentrada na política, comecei a cobrar, que o deputado Maksuês entendeu de colocar uma emenda de bancada que ele tem direito, para o Parque Ecológico de Várzea Grande. Agora que eles estão acordando. Por quê? Em virtude de os três terem disputado a prefeitura com Murilo, eles esqueceram que eleição é uma coisa, administração é outra. Eleição encerra no dia da apuração.
O que falta a eles? Júlio Campos: Os atuais deputados nossos não somam com o atual prefeito, porque além de terem disputado eleição contrária com Murilo, o Murilo é muito ruim em termos de diálogo, de parceria, não procurou também apoio de ninguém. Fica lá, cantonado no Paço Couto Magalhães.
E o governo do estado? Júlio Campos: Veja o desnível do tratamento. Enquanto Rondonópolis tem cerca de 170 mil habitantes e 110 mil eleitores, Várzea Grande tem 280 mil habitantes e 170 mil eleitores, mas o hospital de Rondonópolis gasta em torno de R$ 2 milhões por mês e a secretaria de Saúde do estado transfere pra Várzea Grande 370 mil reais, além disso, o pronto socorro de Várzea Grande que hoje está um caos, recebe paciente de todo o estado.
E as dificuldades de voltar à política e como está sua relação com o eleitorado? Júlio Campos: Nesses 10 anos que fiquei longe da política, muita coisa mudou. Surgiu a internet, surgiu uma série de modificações na tecnologia e até isso a gente tem que se atualizar, modernizar. Nas pesquisas que tenho, o índice de rejeição ao meu nome é justamente na faixa dos 18 aos 30 anos, dos que eram muito jovens quando eu estava na política. A partir dos 30 até 80, 90, meu eleitorado continua muito firme e cativo. Sinto também alguma dificuldade no eleitorado masculino. O eleitorado feminino é muito simpático a mim, mas o masculino não. Por quê? O meu principal rival, que é o deputado Mahsuês, faz um programa de TV muito violento, policial, aquela coisa de ‘prende o bandido, bate, machuca’, e isso agrada muito o homem.
A primeira coisa que o deputado Maksuês disse foi que tem dossiês. Júlio Campos: Continua falando. Mas o eleitorado não quer mais isso. O que o eleitorado quer, por mais simples que seja, é discutir como fazer para resolver os seus problemas, de onde vai sair o recurso. Não quer mais baixaria, tanto é que não tenho nem hostilizado o prefeito Murilo, nem meus adversários. É uma perda de tempo começar a falar em dossiês e xingamentos. Embora, todo mundo tenha um pouco de rabo, se não tem, como dizia o senador Vilas Boas, ‘coloque um rabo de palha nele que pode pegar’.
Isso o assusta? Júlio Campos: Eu não me preocupo com isso, porque um homem calejado como eu, que já enfrentei as eleições mais difíceis e mais caluniosas da vida, não vai ser agora, nesta altura do campeonato que eu não estarei preparado para enfrentar qualquer coisa que venha ocorrer.
E sobre a denúncia do MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral? Júlio Campos: É uma perseguição violenta. Todo dia eles me denunciam. Nunca denunciaram Maksuês que faz política 24h, nunca denunciaram Walter Rabelo que usa rádio e televisão pra fazer demagogia, nunca denunciaram Sergio Ricardo, nem nenhum outro locutor. Julio Campos tem que ser denunciado. Eu não posso ir a lugar algum, o Ceará [coordenador do MCCE] me denuncia, parece que ele está a serviço de alguém.
Um dos fatos que marcou sua imagem foi a banana dada em um programa de TV. Foi para os professores? Júlio Campos: Na verdade essa banana que eu dei na televisão foi pra Dante. Nas eleições de 85, quando o PDS, numa junção com o PDT, lançou Gabriel Novis a prefeito e Silva Freire a vice, e o PMDB lançou Dante com Coronel Torquato. Houve uma carreata do candidato da oposição, Dante. Eu era governador do estado. Ao passarem em frente à residência oficial do governador, o caminhão de som de Dante jogou dois cachos de banana na porta da residência oficial, um verde e um maduro. Nesse dia a noite eu fui dar uma entrevista na recém inaugurada TV Brasil Oeste, durante o programa eu disse: ‘devolvo ao Dante de Oliveira a banana que ele jogou na minha porta na tarde de hoje’. Depois forjaram outra história, de que eu tinha dado banana aos professores. Não foi. Para os professores eu disse, quando a Senhorinha Alves, à época presidente da antiga associação mato-grossense dos professores, lançou uma greve sem nenhum sentido, eu, chegando de uma viagem cansativa, disse: ‘diga à senhorinha que a caneta que nomeia, demite’ e mostrei a caneta para os professores.” A banana foi pra Dante, devolvendo o cacho que banana que tinham jogado na porta da minha casa”.
E hoje, qual político merece ganhar uma banana? Júlio Campos: Eu acho que o político que trai os compromissos com o povo. Esse não merece só banana, como merece porretada na cabeça. E está cheio de políticos assim aqui em Mato Grosso que precisam levar porretada na cabeça.
A prefeitura é seu objetivo? Júlio Campos: eu quero ser um bom prefeito. Não posso errar. A experiência adquirida nesses anos no TCE não me permitirá cometer nem “10% dos erros que no passado possa ter cometido. Depois disso, se eu tiver saúde, posso pensar em algum projeto pra 2014.
Editado por Adriana às 3/21/2008 10:35:00 AM |
|
|
| |