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Entrevista com Arthur Virgílio
CANDIDATURA, ERROS E ACERTOS DO PSDB

O senhor colocou o seu nome como candidato à presidência da república pelo PSDB. O partido está dividido? Existe uma ala que o apóia?
Eu sempre pergunto em todos os lugares que vou: o que você prefere, que cinco ou seis seres iluminados errem por você na hora de escolher, ou você, aos milhões (de filiados do PSDB) escolham?

Está se referindo às prévias, proposta pelo partido?

As prévias são um instrumento da executiva do partido, e meu nome estará nela. Eu quero um partido escancarado para a participação da população. Não quero um partido apeado à torre de marfim que o afasta do povo. Quero um partido valente. Isso só se consegue através da discussão com a sociedade. E quando alguém for ungido, o será legitimado pelo partido inteiro e contará com apoio de lideranças mais fortes. Não será necessariamente o nome mais conhecido, mas aquele cujas idéias sejam conhecidas. Não queremos um “caçador de marajás”.

Qual a sua opinião sobre Aécio Neves apoiar Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura de Belo Horizonte, mesmo este sendo um homem da confiança de Ciro Gomes.
Na verdade o Marcio Lacerda é um antigo aliado de Aécio Neves. São boas as intenções do Aécio, mas esse é apenas um projeto, não tem nada definido ainda.

O PSDB perdeu a paternidade dos programas sociais iniciados durante o governo FHC. Qual foi o erro do partido?

Sou a favor de mirar pra frente. FH fez um belo trabalho, que, aliás, começou no governo Itamar Franco, de quem foi Ministro, gosto sempre de frisar isso.
Lula fracassou em diversas áreas. Fracassou na saúde onde há inoperância na prevenção de doenças, um caos. Fracassou nos programas sociais, o Bolsa Família é um fracasso, a evasão escolar é enorme. Lula gasta muito e errado, amanhã teremos problemas graves decorrentes disto. Ele [Lula] teve o mérito de no 1º mandato ter tido Palocci que promoveu o ajuste fiscal, que fez acertos macroeconômicos, mas caiu depois da quebra ilegal de sigilo do caseiro Nildo. Aquilo foi uma lástima para a economia brasileira.
Não quero museu nem mausoléu, FH vai para história muito bem, por tudo que fez.
Eu quero coisas novas. Quero ajuste fiscal, quero cortar o número de ministérios, reduzir para, se possível, quinze. Quero cortar comissionados e valorizar os funcionários de carreira. Cortar gastos com diárias e viagens de ministros. É um absurdo o que gastam.
Quero uma política rígida de custeio para melhor investirmos.

Então Alckmin pecou ao não saber defender os feitos da gestão FHC?

Alckmin deveria ter sido mais enfático. Eu mostraria um celular a Lula e diria: ‘Presidente até o roubo do mensalão foi possível graças ao celular’. Até a moça que vende tacacá na minha cidade tem um celular.

Qual será a postura do candidato Arthur Virgílio?

Vou para as prévias com minha cara, não vou com operação plástica. Vou fazer um apelo à ética da sinceridade. Não roubar é um dever. Não vou fugir de temas, vou debater tudo, desde união civil entre homossexuais até aborto. Sou a favor de ambos.

Quanto à campanha...
Sou contra aquela lógica perversa, lógica macunaímica de que só debate o candidato que precisa, que está pior nas pesquisas. “Ah, se eu for pro segundo turno eu vou ao debate. Não dar colher de chá...”. Precisamos de debate, sem turvar o processo democrático. Acontece que o candidato que tem 50% de intenção de voto não vai ao Amazonas. Se tem 55%, não vai ao Pará. Se tem 60% nem a Goiás ele vai. É inadmissível que um presidente faça programas para a Amazônia pelo google e saia por ai repetindo que a Amazônia é o pulmão do mundo.

O senhor não vê risco da legalização se transformar em método contraceptivo nesta nossa saúde pública?
Imagine! Neste momento em que estamos conversando, possivelmente uma mulher em alguma favela está fazendo um aborto numa clínica clandestina sem infra-estrutura alguma. Em outro ponto da cidade uma rica está em uma clínica sofisticada fazendo um aborto com todas as condições de higiene e cuidado. A favelada pode nunca mais conseguir gerar outro filho, isso se sobreviver. Já a rica sairá em bom estado de saúde, vai entrar no seu carro onde um motorista o espera. As mulheres precisam ter acesso à saúde da mesma qualidade.
Eu sou católico, sou amigo do Bispo de minha cidade e ele sabe da minha postura a favor do aborto. Ele conhece minha opinião.

CRISE NA AMÉRICA LATINA

A postura do Brasil diante do conflito entre a Colômbia e o Equador foi certa?
Em parte. O ministro Celso Amorim acertou ao exigir que o governo colombiano faça um pedido formal de desculpas por ter invadido o território equatoriano, pois isso é inadmissível. Acertou ao cobrar que a OEA seja mediadora do conflito. Mas errou ao não se posicionar diante do instinto belicoso de Chávez. O governo brasileiro precisa exigir da Venezuela uma garantia de não ajuda aos guerrilheiros. Nisso o governo brasileiro precisa ser enfático. É uma missão difícil, em função desse instinto belicoso de Hugo Chávez, que está agindo exatamente dentro do esperado:
1º esmaga a oposição;
2º implanta uma ditadura;
3º começa uma corrida armamentista.
Chávez usa os Estados Unidos apenas como pretexto, ele não conta com guerra alguma com os Estado Unidos, essa é apenas uma desculpa para se armar. Seus alvos são: Guiana; Colômbia e eventualmente o Brasil, o que levou o ministro Jobim a investir nas forças armadas.



Editado por Adriana   às   3/06/2008 01:19:00 PM      |