Por Giulio Sanmartini Este artigo e complementado pelos “LUTA INTERNA PELO PODER, O MAIOR TEMOR DE CUBANOS” e “O AVÔ DOS DISSIDENTES CUBANOS”, que seguem imediatamente abaixo. O Blog do Noblat do último dia 8 publica o artigo “¿Quién es él ultimo?” assinado por Tânia Fusco. Esta a uma certa altura escreve o seguinte: “Dói e emociona a doença do comandante Fidel, agora quase oitentão. Impossível não torcer por ele. Impossível não torcer por Cuba, a quem devo um livro sobre as mulheres e sua resistência a tudo, principalmente ao enraizado e ancestral machismo latino. Fidel e seus barbudos embalaram nosso sonho de um mundo melhor, de descolamento do império americano, da construção de uma independência da nossa tão sofrida e desigual América Latina. Eles fizeram a gente acreditar que era possível. E, com todas as suas mazelas, resistindo até hoje, lá continuam exibindo a possibilidade de existir sendo não inserida no contexto mundial, com modelo próprio, pessoal e intransferível. Pensar um mundo sem Fidel, para nós, é admitir a velhice e a vitória da mediocridade dos buhses de várias bandeiras e suas guerras covardes e incentivadoras de ódios mundo adentro”. Ela para externar seus sentimentos usa o pronome nós, a expressão “a gente”, vale perguntar, “nós quem, cara pálida?”. Certamente não seremos nós liberais e democratas, muito menos jornalistas, pois esta é a classe mais perseguida e amordaçada por Fidel Castro.
Os intelectuais marxistas e não marxistas. Aqui vale fazer uma observação: existem intelectuais não marxistas, e estes não usam barbicha, oclinhos de aro de ouro, não escrevem opúsculos com a consistência de bula em remédio enganosos e não tem o ar de quem sabe tudo, “de omnia re scibili et quibusdam alis” (“de todas as coisas que se podem saber, e até muitas outras”, expressão latina que servia de irônica critica às reuniões de sábios). Portanto, durante a última ditadura brasileira, os verdadeiros intelectuais independente da tendência política, foram contra qualquer censura à imprensa e a produção intelectual. Assim sendo não podemos enaltecer a Fidel Castro, pois trata-se de um déspota violento e sanguinário (haja vista as últimas execuções sumárias praticadas na ilha) e censor do pensamento de quem lhe é contra, estes enchem as prisões cubanas. Um jornalista estrangeiro do jornal O Globo, para noticiar os atuais acontecimentos em Cuba, teve que entrar quase clandestinamente e, por uma questão de segurança pessoal, manter-se no anonimato. Claro que a jornalista tem todo o direito de escrever o que bem entenda, mas por favor, que fale por si mesma. Não há dúvida que Bush é o que de pior que possa haver, mas não se deve esquecer que foi livre e legalmente eleito pelo povo estadunidense, que sustenta uma democracia de exatos 230 anos. Mais adiante ela continua: “Fidel é essencial, como foram Gandi e Agostinho dos Santos, como é Mandela. Traduzem resistência. Cada um ao seu estilo, com suas grandezas e também sinais e desacertos do seu tempo de vigência.” Ora, comparar Fidel Castro com Mahatma Gandhi, que foi um libertador sem a mínima intenção de chegar ao poder e que é dos criadores da democracia indiana, ou com Nelson Mandela, que na África do Sul chegou á presidência nas primeiras eleições democráticas não raciais, é no mínimo um infantil exagero. Sinceramente não sei quem é Agostinho dos Santos, pelas minhas contas trata-se do cantor e compositor brasileiro que morreu tragicamente (1973) num desastre aéreo no aeroporto de Orly em Paris. Talvez a jornalista estivesse querendo se referir ao médico angolano António Agostinho Neto, considerado pai de Angola Independente. Portanto na dúvida não posso dar opinião. Como se pode ver há no artigo uma certa confusão, ou quem sabe, má fé, ou inda todos os dois juntos. Dessa forma seria interessante ler os dois artigos acima citados para que se tenha uma idéia real de Cuba e de Fidel Castro. Tânia Fusco tem todo o direito de ter e externar suas idéias, o que não lhe seria possível em Cuba Castrista.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/10/2006 12:25:00 PM |
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