Por Giulio Sanmartini "Cuba foi um erro histórico. Irreparável. Não há saúde e educação que possa ser usada em troca de liberdade de expressão e do direito de ir e vir". Fernando Rodrigues, comentarista político da "Folha de S. Paulo" (07/07/06).
Carlos Franqui (84) é o avô dos dissidentes de Cuba Castrista, hoje vive exilado em Porto Rico. Poeta, escritor, ensaísta. Companheiro de Fidel Castro em Sierra Maestra, com a vitória tornou-se diretor da rádio Revolución. Desagradando o grande chefe ao noticiar para France Press, uma informação antes de Fidel, perdeu o cargo e tornou-se diretor do Museu de Arte Moderna, perdendo-o também a teve que fugir em 1968. Era uma época que criticar Cuba de Castro, valia entre os intelectuais do mundo uma condenação ao ostracismo e ao insulto pessoal. Não estar de acordo com Fidel Castro até hoje significa ser um homem morto, não se pode trabalhar ou deixar a ilha, morre-se de fome. Franqui, depois da doença do Comandante, escreveu um longo artigo sobre a situação de seu país, separei alguns trechos:
“A Cuba de hoje – propriedade e obra sua, como também a destruição e a ruína, prisão e cemitério – fez de Fidel Castro uma fraude universal. O guerreiro triunfa destruindo os seus inimigos, mas o político que somente sabe destruir é um desastre. Antes de Castro Cuba era um país em desenvolvimento, com pecuária que produzia leite e carne a baixo preço, grandes plantações de café nas montanhas; possuía a maior industria açucareira do mundo e uma boa produção agrícola, que supria a 75% do consumo interno e o resto das necessidades era coberto pelas exportações. Hoje se um turista se movimenta atento nas cidades e no campo, descobrirá que o cartão de racionamento concede rações alimentares miseráveis, suficientes apenas para o sustento dos primeiros quinze dias do mês. O turista verá que as casas estão em total decadência, os transportes não funcionam, há falta de água potável e os freqüentes cortes de energia elétrica tornam a vida insuportável. Qualquer um que veja televisão, ouça rádio, ou leia jornais poderá perceber a férrea censura, as mentiras do triunfalismo e da onipresença do Caudilho na mídia. É essa tragédia que alguns “bem pensantes” chamam de “paraíso socialista”. Cuba entra agora numa difícil e perigos fase de sucessão. O mesmo Raul Castro teme que ilha repita o que aconteceu na União Soviética depois da morte do insubstituível pai patrão”. O grande temor de Carlos Franqui é que o castrismo continue (creio ser inevitável), assim como continuou o peronismo, marxismo, leninismo, trotskismo, maoismo, franquismo e todos os outros “ismos” liberticidas que grassam no mundo como erva daninha, como tiririca. Se partirmos do princípio que cultura é o conjunto de conhecimentos intelectuais que uma pessoa adquiriu através do estudo e experiência, reelaborando-o com um profundo e pessoal pensamento capaz de converte a simples erudição em elemento constitutivo de sua personalidade moral, estética; na consciência de si e do próprio mundo, podemos dizer sem medo de errar que Carlos Franqui é um homem culto. Por esse motivo deixou Cuba, pois não podia ser livre, não podia escrever e publicar aquilo que quisesse e assim segui o axioma do verdadeiro pai da nação cubana, José Martí: “precisa ser culto para ser livre”.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/10/2006 12:19:00 PM |
|