Por Adriana Vandoni
O Argumento & Prosa está inaugurando a coluna “Conheça seu candidato”. Ou o brasileiro toma vergonha na cara, ou vamos todos roubar.
Depois da avalanche de denúncias, investigações, CPIs, depoimentos e o diabo a quatro que escancarou como funciona a escória política brasileira e impactou a população, é hora de pararmos para analisar: quantos foram afastados? Não digo nem da vida pública, mas dos cofres públicos? Quantos pretendentes a cargos públicos registraram candidatura? Quantos desses estão sob investigação, ou sob suspeita ou já foram denunciados e seus processos estão suspensos por determinação de uma Lei equivocada que os deixam impunes? Vamos pegar o exemplo do mais novo escândalo, o esquema dos Sanguessugas. Imaginemos que 60, 80, sei lá quantos parlamentares sejam denunciados pelo Ministério Público à Justiça. Eles não ficarão impedidos de concorrer à reeleição porque nada os detém. E a Justiça brasileira não tem instrumentos para impedir a candidatura de bandidos. O Brasil está coalhado de políticos que possuem processos nas costas e continuam se candidatando. Dentre os muitos delitos existem alguns gravíssimos, que implicam desde desvio de milhões de reais, obras superfaturadas, concessão de privilégios à empresas, falsificações, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e até seqüestro e assassinato. Os milhões que deveriam ser revertidos em benefício da população são roubados e só servem para aumentar o patrimônio de ladrões engravatados. Os casos de assassinatos possuem características próprias, ou foram para aniquilar um concorrente ou calar um denunciante, mesmo que este fosse um correligionário. Se a legislação eleitoral brasileira é falha e permite essas situações escabrosas, então a responsabilidade deveria ser dos partidos políticos, que deveriam selecionar seus candidatos seguindo critérios de moralidade e vida pregressa? Balela! No Brasil parece que quanto mais se rouba dos cofres públicos, mais poder tem dentro dos partidos e se algum partido não os aceitar, eles compram alguma sigla. Ato corriqueiro neste Brasil imoral. A responsabilidade recai então no eleitor. À primeira vista pode até parecer que o eleitor está desprezando o aspecto ético, mas não é verdade. Primeiro, a banalização da corrupção, sem qualquer punição aos bandidos, fez com que o eleitor passasse a generalizar, como se todos fossem iguais, e não são. Além disto, o eleitor nunca soube se uma acusação tinha ou não fundamento, daí ele acabava privilegiando um interesse imediato qualquer. Mas hoje já existem instrumentos para saber quem é quem. É trabalhoso, mas existem meios disponíveis. Não é preciso fazer como eu fiz, claro. Andei em todas as instâncias da Justiça e consegui uma bela e farta papelada de inquéritos, denúncias e investigações. Deu trabalho, mas tenho certeza de que não compactuarei com a permanência de criminosos no poder. Agora você me pergunta: como faz quem não tem a minha paciência? Fácil. Através do nome do político, não precisa nem do CPF, o eleitor pode entrar em alguns sites e descobrir a vida do político. Exemplo são os Tribunais de Justiça dos Estados. Para ter maiores informações sobre os endereços de todos os sites de busca por processos o Argumento & Prosa está inaugurando a coluna “Conheça seu candidato”. Vale a pena? Sim, claro que vale. Não podemos nos tornar cúmplices dos que nos roubam. Não podemos deixar que os processos prescrevam nas nossas mentes. Precisamos ter clareza de que a intenção dessas pessoas é conquistar o aval do eleitor para colocar as estruturas públicas a seu serviço. Ladrão que roubou, mesmo que tenha sido há anos, e não foi julgado e punido pelo seu crime, continua ladrão, mesmo que se torne deputado, senador, governador ou presidente. Aos que não se preocuparem com isto, sugiro que levem uma caneta no momento da votação e escreva na própria testa “otário” para que tenha consciência do que realmente é. Ou o brasileiro toma vergonha na cara, ou vamos todos roubar.
Editado por Adriana às 7/13/2006 10:13:00 PM |
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