Por Pedro Oliveira (*)
O que assistimos são assassinatos brutais praticados pela incapacidade da agir de governos e governantes. “É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Meu caro amigo leitor, esta frase não foi tirada em nenhum tratado internacional sobre os direitos da criança. Tampouco saiu da boca de algum devotado samaritano. Não a encontrei na Constituição do Chile, da Inglaterra ou da “República dos Sonhos”. Ela, por incrível que pareça, está na Constituição do Brasil, em seu artigo 227, cuja promulgação, todos sabem ,ocorreu há 18 anos. Está lá, mas é como se não estivesse. Em 13 de julho de 1990(esta semana completou 16 anos) o Presidente Fernando Collor sancionou a Lei 8069, denominada de “Estatuto da Criança e do Adolescente”. A nova lei representou um avanço nunca visto em toda a América Latina, em defesa dos direitos humanos voltados para o menor e o jovem brasileiro. Uma legislação cujos resultados práticos viriam contribuir, sem dúvida, para a consecução de um país mais digno, uma juventude com um futuro sem tantas incertezas, menos bolsões de miséria e essa ensandecida violência jovem e infeliz, em nossas ruas, em nossas praças, violentando a todos nós. Fico imaginando o que teríamos para comemorar neste aniversário do Estatuto? Absolutamente nada. O jovem e as crianças brasileiras a cada dia são mais arrastados para a marginalidade pela fome, pela falta de escolas, saúde, trabalho, amor e acima de tudo pela perda da dignidade, esta roubada pela insensatez do Poder Público, dos governantes e da maioria dos políticos, que abominam a prática do socialmente correto para se dedicar com mais desenvoltura ao saque do erário, às ofertas dos vendilhões, ao roubo descarado da merenda escolar, as fraudes nas licitações, das ambulâncias superfaturadas, dos mensalões ao enriquecimento imoral e as orgias do podre poder. Quantas crianças e jovens morrem por dia no Brasil vitimas do descaso daqueles que teriam a obrigação de lhes assegurar todos esses itens sociais e humanos contidos em nossa Constituição? O que assistimos são assassinatos brutais praticados pela incapacidade de agir de governos e governantes. O governo federal está mais preocupado com o desenvolvimento econômico, com os demagógicos índices de pesquisas de opinião, com a reeleição do presidente Lula e de sua corja petista que roubou e saqueou o bolso dos brasileiros, com o sujo confronto político inócuo, do que com a condição miserável e degradante de nossas crianças.Mensalão, a imensa e irrecuperável fraude petista achacando os cofres públicos,botando nos bolsos de muitos o dinheiro que serviria para combater o estado de vergonhosa pobreza do desesperançado povo brasileiro. A imoralidade está ai, nas barbas da insensibilidade do poder, que prefere virar o rosto a encarar este triste e assombroso quadro de horror. Certo dia ouvi palavras que me tocaram de verdade: “Não se pode esperar futuro de quem não tem, presente”. Nossos pobres jovens vão continuar assim, sem uma mão que lhes seja estendida, não para dar esmolas, mas para oferecer o aconchego da dignidade usurpada. Não tiveram passado, não têm presente e não terão futuro. Morrerão com os seus sonhos, seus olhos fundos de chorar a dor da fome, suas bocas famintas sem forças para gritar, seus trapos que não lhes encobrem o frio da noite, suas famílias que não existem, assassinados cruelmente pelo descaso hediondo dos que podem, devem... mas nada fazem.
(*) Pedro Oliveira é jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.
Editado por Adriana às 7/13/2006 09:40:00 AM |
|