Por Jeffrey Nyquist, geopolítico em Mídia sem Máscara Fontes israelenses alegam a existência de uma aliança secreta entre Síria, Irã e Rússia. A alegação é crível, mesmo óbvia para aqueles que conhecem as fortes ligações que existem entre os Estados que apóiam o terrorismo e o "ex" bloco comunista. A alegação é crível também para qualquer um que observe a maneira como Moscou abastece e encoraja Estados autoritários como Coréia do Norte, Irã e o velho regime iraquiano de Saddam Hussein. Considere o seguinte cenário: Documentos iraquianos recentemente publicados confirmam uma conexão entre Saddam e o Talibã, conforme já anteriormente denunciada pelo expert em terrorismo Yossef Bodansky. Para completar o quadro, o jornalista paquistanês Hamid Mir afirmou recentemente que Irã e Rússia estão apoiando conjuntamente os insurgentes do Talibã no Afeganistão. Numa entrevista a Paul Williams e David Dastych, Mir afirmou: "um oficial graduado do Ministério do Interior afegão revelou para mim em Cabul que Rússia e Irã estão fornecendo armas e dinheiro ao Talibã. Mas não temos coragem de falar nada contra eles...."
Quem tem coragem, de fato, para admitir a verdade sobre Rússia e Irã? Quem tem coragem para dizer o que está realmente acontecendo, e não simplesmente repetir os mantras ideológicos da moda? A esquerda aproveita cada situação para denegrir Bush e negar a periculosidade de certos países. É culpa da América, dizem eles. A América é a ameaça contra a paz enquanto a Rússia é, de novo, um "país progressista". Mesmo a direita está desunida, na qual vemos um Patrick Buchanan defendendo a retirada e o isolamento do país. Enquanto isso, os espinafrados "neoconservadores" pedem medidas mais duras, embora nenhuma delas seja contra a Rússia. Eles falam da China , do Irã e da Síria. Mas nada sobre a Rússia. A verdade é deixada de lado à medida em que os contendores estão imersos em disputas políticas que se mostram incapazes de captar a visão global e o real inimigo. O viés partidário que afeta os especialistas torna qualquer discussão sobre geopolítica difícil, se não impossível. O escritor que porventura apontar a formação de um bloco anti-EUA liderado por Rússia e China – um bloco que inclua países do Hemisfério Ocidental como Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela e Cuba – será ostracizado. (Mary Anastasia O'Grady, num artigo para o Wall Street Journal publicado em 28 de julho sobre a tentativa de Kirchner de expurgar os militares anti-comunistas das Forças Armadas Argentinas, mandou bem ao afirmar que "Desde 2003 o sr. Kirchner está tentando compensar as feridas de seus aliados, os amigos de Fidel"). A América está enfrentando uma aliança internacional poderosa, com pedigree comunista. A aliança está em marcha em todo o mundo, fazendo furos na economia americana e nas posições militares do Pentágono. Se algum articulista, aqui e ali, reconhece bravamente que Rússia e China não são nossos amigos, ninguém comenta nada, ninguém discute o assunto, ninguém leva a coisa adiante. A incompreensão e falta de interesse do público, fortalecida por meias-verdades e interpretações triplamente ruins, deixa o mais bravo dos articulistas sem pernas onde se apoiar. O fato de os foguetes Katyusha serem armas de fabricação russa acaba se perdendo no labirinto de inimigos muçulmanos e árabes, cada um apoiando o outro por debaixo dos panos. O papel da Rússia normalmente é omitido, ou reduzido à mera economia de vendas de armas e não de estratégia militar. Dado o impasse nuclear da Guerra Fria, russos e chineses estão desempenhando o papel que lhes restou quando o ataque direto era algo fora de questão. Eles ressuscitaram a amizade falsa, enganosa, e a clássica "ofensiva da paz" de Lênin. Escrever sobre essas coisas não é teoria da conspiração. É o despotismo tipicamente oriental. É o grande jogo disputado no espírito de Sun Tzu (o estrategista chinês que ensinava que toda guerra baseia-se na fraude, no engodo, na enganação). Temos de aceitar o fato que Estados despóticos, como Rússia e China, procuram se engrandecer às custas de inimigos mais fracos e às custas de seu principal rival democrático (também conhecido como "principal inimigo"). Um ataque nuclear direto é suicida sem um plano político sofisticado e fraudulento. Nessa situação, o engodo permite uma resistência e uma expectativa enfraquecidas, abrindo espaço para uma seqüência perspicaz e devastadora. Há muitas armas além das nucleares e convencionais. Tudo, neste momento, segue uma série estratégica que provavelmente inclui os seguintes elementos: (1) Um déficit energético que beneficia o novo bloco russo, fomentado por Rússia, Venezuela e Irã; (2) o declínio do dólar e uma crescente crise econômica nos Estados Unidos; (3) rendimentos crescentes para a Rússia, advindos da modernização de forças nucleares e convencionais; (4) uma transição gradual, passo-a-passo, da China, de uma economia dolarizada para uma economia de guerra; (5) a intensificação de ataques terroristas contra alvos americanos e israelenses; (6) a disseminação de guerras diversionistas que pretendem arrastar as forças americanas para uma posição vulnerável ou insustentável; (7) a intensificação da crise no Oriente Médio; (8) a dissolução da OTAN e demais alianças americanas; (9) a divisão da opinião pública americana em questões de segurança nacional, de maneira que um consenso nacional não seja costurado. O processo que acabo de descrever vai, aos poucos, se desvelando, passo-a-passo. Quando a economia americana entrar num estágio inevitável de crise, então eventos importantes rapidamente despertarão. Dentro de 18 meses, más notícias serão seguidas por notícias ainda piores, e um colapso da máquina de guerra americana poderá acontecer (já comprometida em nível político). Qual será o fator imediato, acelerador? A coluna de Kenneth R. Timmerman do dia 20 de julho, no www.FrontpageMagazine.com, sugere um papel importante para o Irã. "Os ataques apoiados pelo Irã [contra Israel]", notou ele, "tem por objetivo dissuadir um possível ataque israelense contra as instalações nucleares e os mísseis iranianos". A culpa pelas hostilidades no Oriente Médio caem cada vez mais nas costas de Israel. "Ao invés de acabar com o Hezbollah por seqüestrar soldados israelenses e lançar foguetes contra cidades e vilarejos israelenses", disse ainda Timmermn, "o presidente francês culpa Israel pela retaliação". Uma divisão, com Europa de um lado e América e Israel do outro, tem sido insuflada. O apoio europeu a um ataque preventivo contra a infra-estrutura nuclear do Irã foi totalmente sufocado. Os sírios e iranianos não são vistos como responsáveis pelo conflito, como deveriam. E a Rússia está por trás de sírios e iranianos, armando-os e guiando-os. Um nó terrorista está sendo enlaçado em torno de Israel. O objetivo é ganhar tempo enquanto o Irã cria um arsenal nuclear suficiente para derrotar americanos e israelenses. Os indícios de que o Hezbollah planejou a atual onda de violência com antecedência podem ser encontrados no fato de que (conforme relatou Timmerman) "o fornecimento iraniano ao Hezbollah por meio da Síria tem aumentdo desde o primeiro semestre de 2006". Enquanto isso, a Rússia está entregando novos sistemas anti-aéreos e militares ao Irã. A rede de terror, no Afeganistão e no Iraque, no Líbano e na Margem Ocidental, começa com os terroristas em solo e termina, se seguirmos os fios das marionetes, em Moscou. A percepção da coisa toda pode estar despertando em alguém em Washington. A mídia americana vai, a qualquer momento, captar o tema subjacente a isso tudo. É um velho tema, conhecido por todos os velhos combatentes.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/10/2006 01:22:00 AM |
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