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MANDINGA
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Ralph J. Hofmann 27/07/06

Muitos anos atrás, em New York, descobri que um grande cliente que estava dando problemas era controlado por empresários colombianos.  Até aí nada de mais.  A empresa onde eu trabalhava exportava do Brasil para a Colômbia.  Era um dos países onde uma escorregadela podia causar problemas na hora de receber pagamentos, o a "Fiscalia Bancaria"  do Banco Central em Bogotá tendia a dar cobertura a essas falhas de pagamento, mas tomávamos normalmente precauções.

No mercado americano tínhamos contudo  a proteção do sistema legal americano. Sempre podíamos recorrer à lei e receber.  Apenas esquecemos que na hora de abrir um processo os responsáveis pela empresa poderiam ter se evaporado sobre o Triângulo da Bermudas ou áreas contíguas.  

Uma noite jantando no "MacCarthy's Famous Stake House"  que pertencia ao Murray, um amigo que por acaso era advogado, contei minhas mágoas em relação à pendência com essa empresa.  O Murray então me contou uma fábula nova-iorquina.

"De vez em quando". falou, "o pessoal começa a ficar sem grana na Colômbia.  Nesse caso uma equipe é contratada por certos empresários, e sai de caminhão pelo interior do país recolhendo estrume de mulas colombianas.  Este estrume é secado e depois moído até se transformar num pó muito fino, coisa de menos de décimo de mícron de diâmetro. 

Depois o material é ensacado e colocado a bordo de uma aeronave com destino a Nova Iorque.  O vôo é programado de tal maneira a chegar sobre a cidade aproximadamente às 17 hs..  Passando sobre a Wall Street o piloto abre uma portinhola num compartimento especial onde está o pó de esterco de mula colombiana.  Com o vácuo o pó é sugado para fora do avião. Como o avião está a 40.000 pés  ninguém percebe a nuvem de pó que se dispersa e cai lentamente sobre o bairro comercial da cidade.   

Em terra, o que ocorre é que ao fim de expediente, algum executivo de alto nível sai de seu escritório para pegar seu trem para o subúrbio onde vive repara que há uma nesga de pó escuro no punho de sua camisa.   Passa a mão retirando aquele material sem sequer se dar conta.

Durante a viagem para os subúrbios sente uma comichão no nariz, esfrega com a mão que retirou o pó do pinho da camisa.  Às dez da noite começa a expirar, fica rouco, com dor de cabeça. Acorda de manhã se sentindo muito mal. Liga para o escritório avisando que não vai por estar doente. Passa dois dias à base de chá e suco de fruta.  No terceiro dia acorda cheio de disposição.  Avisa a secretária que vai para o trabalho pois está curado.

Na verdade, não está curado, esta inoculado com um germe desenvolvido por cientistas a pedido da comunidade de negócios colombiana.   

Chegando à sua mesa de trabalho no dia seguinte sente uma súbita vontade de mandar a secretária tirar uma passagem para a Colômbia para fazer negócios. E é o que faz.

Um ano depois estará curado do germe. Mas também estará quebrado. " 
O motivo de lembrar desta história é o seguinte:

Alguém por acaso tem visto algum avião de registro Boliviano ou Venezuelano voando sobre o Palácio da Alvorada ou as sedes da Petrobrás e do BNDES?
   


Editado por Adriana   às   7/27/2006 01:57:00 PM      |