Por Adriana Vandoni
Magnífica a vitória de Yeda Crusius ao governo do Rio Grande do Sul. Superou os entraves do ninho e se fez candidata. Desdisse as pesquisas de intenção de votos, ultrapassou os outros dois candidatos e lá estava Yeda reproduzindo o embate nacional, e assim como Geraldo, surpreendendo o próprio PSDB ao chegar ao 2º turno. Na segunda fase a campanha de Olívio Dutra foi autenticamente petista. Com direito à cultura do medo, a boato de privatização do Banrisul, ao tom pejorativo da possibilidade dos gaúchos serem governados por uma paulista e mulher, como se isso conferisse alguma honra ao bigodão de Olívio Dutra. Mas a competente estratégia da disputa federal não se repetiu lá. Alguns atos foram desastrosos, como a ida de Blairo Maggi (MT) pedir votos para Olívio Dutra ao lado de Miguel Rossetto. Isso consolidou o apoio de todo setor ligado ao agronegócio à candidatura de Yeda. Para contrapor esse maciço apoio à tucana, a campanha de Olívio Dutra contou com o MST e movimentos ligados à Via Campesina, que colocaram 50 mil cabos eleitorais nas ruas no corpo-a-corpo.
Mas Yeda venceu e recebe um governo com desafios maiores ainda que os já superados. Terá que enfrentar a grave crise financeira do Estado, que encerra o ano com um déficit em torno de R$ 1,7 bilhão, e equilibrar as finanças públicas. A agricultura e a indústria passam por sérios problemas em função da política cambial adotada pelo governo Lula, o que comprometeu as exportações. Além da seca, que penaliza o campo. Yeda, durante uma reunião com representantes do setor do agronegócio disse: "Não vou ser solidária, vou ser ativista na defesa do agronegócio". Os trabalhos de transição já iniciaram e a condução será feita pelo seu coordenador de plano de governo, e já confirmado Secretário de Fazenda, o economista Aod Cunha de Moraes Junior, filho de um mato-grossense de Poconé. Um problema recorrente que a tucana enfrentará, são os conflitos agrários. O MST com seus líderes estrangeiros e a Via Campesina, barbarizam o campo, até agora com a leniência do governo federal. Como em ataques terroristas, esses bandoleiros incendeiam lavouras e caminhões, matam gado pelo simples matar, saqueiam fazendas e seqüestram funcionários. Atos como esses vêm sendo praticados continuamente desde 2004, na Fazenda Coqueiros, no município de Coqueiro do Sul. A fazenda será o palco do próximo embate, pois no dia 26 de maio o MST emitiu nota em seu site conclamando os “companheiros” para uma “campanha pela desapropriação do latifúndio Guerra”, em referência aos proprietários da Fazenda. O objetivo não é pela terra, isso ficou muito claro na fala Áureo Scherer, integrante de um dos movimentos ligados ao MST, ao declarar apoio a Olívio Dutra: “Agora, é luta de classes”. Como se pode notar, não será fácil. Yeda terá que ser firme para recuperar as fronteiras do Rio Grande, devassadas pelos desmandos do PT. Terá que ser forte e ficar atenta, pois caso Lula não aloque Miguel Rossetto na Petrobras (como ele sonha), o rapaz, que pretende ser prefeito de Porto Alegre em 2008, poderá voltar às suas origens e passar a insuflar invasões e agressões. Por esse histórico de Rossetto, que no início de 2003 afirmou não ver diferença entre invadir e ocupar terras, causou-me espanto ver uma foto que me foi enviada por um produtor da região, onde aparece ele ao lado de Maggi, grande proprietário de terras em Mato Grosso. Isso só acontece no Brasil! Bem, mas Yeda encheu-me de orgulho. Enfrentou a conservadora resistência do partido, o machismo e o bairrismo despertados pelo seu adversário petista; e pela altivez com que chegou a vitória. Agora, é enfrentar o desafio de ter vencido.
Editado por Adriana às 11/01/2006 02:08:00 AM |
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