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ATO INSTITUCIONAL Nº13
É muito grave o que vem acontecendo com jornalistas. Por enquanto é uma censura camuflada. Primeiro tentam calar os jornalista, invariavelmente pressionando os veículos. E quando não conseguem? Intimam para depor?
Sobre o episódio de ocorrido ontem em Brasília, quando jornalistas foram agredidos por militantes petistas, o presidente da Federação Nacional dos jornalistas declarou que os “jornalistas provocam”.
Diante desses pequenos, mas significativos açoites à imprensa e a livre expressão, republico abaixo um texto de 11/08/2004, escrito por mim e publicado no Jornal A Gazeta (Edição Nº. 4710).

ATO INSTITUCIONAL Nº13
Por Adriana Vandoni

Reacionários, autoritários, contrários à evolução política e social do país. Como já disse em artigos passados e repito, o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder com a alma impregnada de detritos do período ditatorial. O projeto de lei sancionado pelo presidente Lula é intransigente, repleto de interesses escusos travestidos de bem intencionados.
A criação de um órgão para "orientar, disciplinar e fiscalizar" (com poderes "até para cassar o registro profissional"), o exercício da profissão e a atividade jornalística nada mais é que uma forma nefasta de cercear a liberdade de expressão. A justificativa usada chega a ter traços ardilosos quando afirma que "os meios de comunicação adquiriram na sociedade moderna, papel fundamental, influenciando condutas, comportamentos e formando opinião". Por preocupação com a população brasileira, o governo federal, representado pelo Partido dos Trabalhadores, entende que possíveis "informações inverídicas ou mal apuradas podem promover "linchamento" moral, destruir vidas, provocar falências, entre outros sérios danos às instituições e às pessoas, danos inclusive sob o prisma de saúde, do bem estar físico e psíquico".
A profissão do jornalista é peculiar e difere de outras justamente pela necessidade de independência ou desvinculação dos poderes públicos. Não pode, de maneira alguma, ser controlada pelo governo federal. É interessante, mas os petistas que tanto se vangloriaram de serem vítimas do regime militar tentam, de todas as maneiras, reduzir sistematicamente toda e qualquer forma de autonomia. Basta recapitular os sinuosos caminhos já percorridos desde que chegaram ao poder.
O questionamento quanto à autonomia das agências reguladoras dos serviços públicos e o interesse em pegar para si prerrogativas a elas definidas, mostrava os primeiros sintomas de autoritarismo paternal. Ao mostrar interesse na "lei da mordaça" para ter controle sobre o Ministério Público, esclareceu o objetivo real deste governo: diminuir o poder de todos que significam o risco do contraditório. Diminuir a importância de quem a possui e trazer para os seus o controle sobre tudo, bem aos moldes do bolchevismo russo. Como o pré-requisito para isso é limitar a crítica, tenta criar o "Conselho Federal de Jornalismo" apoiando-se na Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ostensivamente ligada ao PT. Sua presidente Beth Costa admite que este futuro conselho teria os integrantes da comissão provisória indicados pelos representantes da Fenaj. Aterrador!
Fica claro que, se quando oposição se deliciava em realizar críticas, no poder o PT tem desconforto com elas, ou pior, tenta nos convencer pedindo uma "agenda positiva, porque o cidadão precisa ver o lado positivo das coisas". São pensamentos típicos de mentes moldadas em perturbações, similares às criadoras de "Brasil, ame-o ou deixe-o". Não é à toa que o ministro da Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, discorda da "exploração do contraditório, que fomenta discórdias e conflitos de egos". Para esses pseudodemocratas, democracia subentende subserviência às idéias monárquicas.
Dessa forma segue o PT, desmerecendo e tentando tolher o cidadão brasileiro de se inteirar da conduta moral e ética dos seus representantes políticos, criando conselhos para se servir deles. Tomando atitudes com viés autoritário, que não imagino tenham partido do presidente, mas de auxiliares com personalidade despótica, corremos o risco, em nossa jovem democracia, de preparar as leis que possibilitarão entregar o país a um futuro presidente com perfil autoritário. Nessa história Lula é apenas o inocente útil.


Editado por Adriana   às   10/31/2006 07:25:00 PM      |