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OS ESTAFETAS DO REINO
Por Augusto Nunes no Jornal do Brasil
O serviço dos estafetas do reino, dirigido pelo ministro Tarso Genro, capricha na difusão da mensagem malandra: debates na TV se prestam a discussões sobre planos de governo, não a denúncias. Traduzida para língua de gente, a mensagem quer dizer que Lula quer mais espaço para gabolices ou promessas inviáveis - e nenhum minuto para incursões pela roubalheira.
O Grande Pastor não está interessado em debater projetos sérios - até por falta de. O que deseja é pendurar-se na discurseira, e sem interrupções incômodas.
''Posso ter errado de não ter dado entrevista'', claudicou Lula na Rádio Bandeirantes. ''Só que poucos presidentes fizeram a quantidade de discurso que eu fazia''. O boxeador convalescia das pancadas sofridas horas antes. Mas não estava grogue. No dia seguinte, repetiu o recado.
Na abertura da conversa com jornalistas de O Globo, pediu ''uma entrevista menos ideológica e mais programática''. Preferia, claro, declamar maluquices, liberado de contestações. Por exemplo: ''O Brasil vai crescer mais de 5% ao ano, sem novas reformas, sem cortar gastos, sem privatizações, sem diminuir o tamanho da máquina estatal''. Desses milagres Lula gosta de falar. Detesta é entrar no terreno pantanoso da Ética.
Para contorná-lo, os estafetas de Tarso difundem mentiras sobre o adversário, simulam armazenar acusações inexistentes e embaralham dados do Ibope e do Datafolha. Alckmin venceu o debate na Bandeirantes, certo? Mas perdeu pontos no Ibope e no Datafolha, certo? Portanto, o eleitorado não gostou da tática, usada pelo ex-governador, que levou Lula às cordas - e à ante-sala do nocaute.
Se sucumbir à falácia, Alckmin merecerá a mais contundente das derrotas. O ex-governador tem o dever de apresentar projetos e diretrizes que o diferenciem de Lula. Mas sem abandonar as perguntas e cobranças atravessadas nas gargantas do Brasil que pensa. De onde veio o dinheiro do dossiê da vigarice? Por que o presidente não divulga os números da gastança com os cartões de crédito usados por perdulários de estimação e pela Primeira-Família?
É muito assunto para pouco debate. Como registrou Arnaldo Jabor, já se viu o essencial no interminável cortejo dos patifes. ''Tudo foi decifrado, a verdade foi descoberta, todos os crimes estão desvendados, os culpados são conhecidos, tudo está decifrado, mas o governo nega e Lula ignora''.
Por que o Judiciário permanece inerme? Eis aí um bom tema para o próximo debate.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/15/2006 04:28:00 AM      |