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LEALDADE? ONDE?
Por Adriana Vandoni

A postura recente do empresário reeleito de Mato Grosso Blairo Maggi de apoiar o candidato Lula à presidência (enquanto dizia-se neutro no primeiro turno, antes de ser reeleito) reacendeu um debate importante sobre essa relação entre política, políticos e o bem público.
Na relação política, esta muitas vezes se torna promíscua e imoral. Falar em uma reforma política, em extinção de partidos, em cláusula de barreira ou fidelidade partidária, mesmo sendo tudo isso muito significativo, parece ter o mesmo de quando gradeamos nossas casas para nos defender dos bandidos. Jamais impediremos a entrada de um ladrão, mas gradeamos na tentativa de que a dificuldade o desestimule a entrar. Dessa forma eu entendi a verticalização e assim entendia a exigência da fidelidade partidária, como normas que pudessem dar um verniz moral ao processo eleitoral. Porém, a verticalização produziu mais aberrações que antes.
A deturpação fica por conta da natureza humana que é surpreendente. A norma é boa, mas sempre existem aqueles que vão vê-la como mecanismo a ser burlado e não a ser respeitado. Daí as coligações esdrúxulas e espúrias. Continuamos vendo a mesma promiscuidade ideológica de sempre, apenas verticalizada, porque o homem ao sentir seu poder ameaçado e lhe faltando uma base sólida de dignidade, se dispõe ao mais baixo ato, como a traição.
A mesma coisa se dará com a exigência da fidelidade partidária. Vendo o comportamento dos políticos podemos nos perguntar se uma lei que obrigue a permanência mínima de três anos em cada partido irá diminuir a traição partidária. Claro que evitará casos como de Lino Rossi que passou por três ou quatro partidos em pouco mais de 24 hs.
Mas essa exigência não acabará com falta de lealdade. Claro que não. Porque esse é um problema de índole e isso, ou se tem ou esquece. Lei alguma será capaz de fazer com que a palavra valha mais do que um contrato, com que a decência seja reconhecida pelo olhar. Lei alguma será capaz de exigir caráter, lealdade ou escrúpulo.
Podemos até nos questionar o porquê de não conseguirmos estabelecer comportamentos morais de lealdade na política, se até em presídios existe uma espécie de código de lealdade que deve ser e é cumprido à risca pelos detentos. Isso ocorre porque lá a justiça desses infelizes é certeira e cumprida para quem não segue o estabelecido.
Podemos concluir que o grande mal para a política e para o bem público são os políticos, ou o baixo nível moral de alguns destes, mas se isso ocorre por serem eleitos pelo nosso povo, está claro também que não existem formas de retirá-los do poder quando o $i$tema os protege. Nosso povo humilde e ingênuo politicamente fica à mercê de bandidos e traidores. Aí tenho que concordar com Cristovan Buarque. Apenas uma revolução através da educação para fazer essa reforma de políticos. Do contrário, a cada ano mais normas precisarão ser escritas e mais o caracteres se degenerarão e mais homens se rebaixarão para burlá-las. Enquanto isso não ocorre, só a Justiça, ou a interpretação desta para o bem da sociedade, será capaz de mudar esse quadro.
Como só através da educação conseguiremos extirpar os comportamentos rasteiros na política brasileira, enquanto isso não chega, e a Justiça não exerce a Justiça, estamos permitindo uma situação de moto-contínuo, de que valerá à pena não educar para continuar dominando.


Editado por Adriana   às   10/14/2006 01:06:00 PM      |