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O ELEITO EM 2º TURNO
Comentário de Jânio de Freitas na FSP

O segundo turno é, para o contingente do eleitorado que impediu a decisão na primeira rodada, a opção entre dois insatisfatórios. Ou, se de todo inaceitáveis, o não-voto. O eleito em segundo turno, portanto, chega à Presidência sem ser a expressão política da maioria. É produzido por um artifício aritmético.
Dos 57% de seu índice atual, ou de quanto venha a ter no final, Lula tem a preferência real de 48%, a minoria que com ele se identificou entre todos os candidatos, mas, significativa embora, insuficiente para consagrá-lo em definitivo. O que exceda os 48% é adesão circunstancial, o ato político que aceita voltar-se para um lado como forma de repelir terminantemente o outro. Se o voto nulo, em certas (raras) situações, é o voto portador de maior consciência política, o voto circunstancial, com muito mais freqüência, não o é menos.
Se não para eles, para o país seria proveitoso que Lula e seu círculo guardassem a percepção importante de que não é real, em termos políticos e administrativos, o apoio que lhes dê a presumida vitória. Afora um certo fanatismo, em seus diferentes graus, o que sobrou do empolgado apoio de 2002 não é maioria e, pior, é instável.


Editado por Adriana   às   10/19/2006 11:13:00 AM      |