Por Reinaldo Azevedo em seu Blog Tereza Cruvinel me chama de “Sr. Reinaldo Azevedo” em seu blog e diz que fiz uma “crítica intelectualmente desonesta” a seu desempenho no programa Roda Viva. Não foi “crítica desonesta”, não, Cabocra Tereza (uma homenagem a Tonico e Tinoco). Foi uma “acusação honesta”. Eu a acusei — e convido quem não viu a comprar o DVD do programa (Markun, me mande os 10% depois) — de ter jogado uma tábua de salvação para Lula quando o debate Telemar-Gamecorp esquentou. Esse negócio de “gastar bytes” é uma afetação típica dos escravos morais, daí que você me chame de “senhor”. Deixe de ser muquirana, Cabocra: eu gasto os meus com você. Quem dá aos pobres empresta a Deus, hehe. Até chegar na letra “T”, poderia listar muita gente que gastaria comigo bem mais do que bytes, hehe. Mas sempre há a hora em que até eu sou modesto.
Não a tratarei de “senhora”, simulando aquele falso respeito que Brás Cubas, de Machado, tinha pelos almocreves. Escolho o pronome de tratamento “você”. Adiante. “Intelectualmente desonesto”, para ficar no limite de sua ofensa, é justificar o terrorismo eleitoral, como você fez numa coluna no excelente jornal O Globo, cuja qualidade, felizmente, você não tem conseguido tisnar. Você escreveu lá, e sabe disso, que o terrorismo só cola se houver alguma base verossímil. As idéias, minha cara jornalista, têm história, têm filiação, têm origem. A sua aquiescência com o terror vale também para homens-bomba ou se limita às disputas eleitorais? “Intelectualmente desonesto” é comprar, de forma oblíqua, a tese de que, insistir no caso do dossiê, mesmo depois da reeleição de Lula, corresponde a investir numa espécie de terceiro turno. Se mais você quiser saber de desonestidade intelectual, posso recorrer ao arquivo do Globo — já que não freqüento o seu blog (um leitor me avisou) — e fazer um apanhado de suas colunas, incluindo uma em que, mesmo com o estouro do caso do dossiê, você anunciava que o assunto quente da semana seguinte seria a fala de Lula nas Nações Unidas... Posso, claro, puxar ainda mais pela memória e evocar os tempos em que João Paulo Cunha, ex-presidente mensaleiro da Câmara, contratava assessorias especializadas. No texto em que me ataca, você conta a historinha de três histéricas que se pegaram a tapa, duas delas em defesa de Lula, a outra, de Alckmin. Parece servir de ilustração ao que você considera um horrível clima de conflagração, que toma conta do país. Quase fico comovido. Mas eu não mordi seu dedo, Cabocra Tereza. Apontei duas coisas bem objetivas: a) um texto em que você justifica o terrorismo; 2) uma intervenção sua no Roda Viva que significou um óbvio alívio ao presidente Lula. Você tem o direito de fazer as duas coisas. E eu tenho o direito de não gostar de nenhuma delas. Como não faço fofoca com coleguinhas em corredores e botecos, escrevo. Honestamente. Você pode me achar de feio, burro, chato, prepotente, incompetente, o que quiser. Não dou pelota. “Intelectualmente desonesto” me incomoda. Nenhuma das outras qualidades (ou falta delas) me seria muito custosa. A honestidade intelectual é, sim, um valor que prezo. Eu tenho, por exemplo, a honestidade de dizer que voto em Alckmin. Por que você não diz em quem vota, Cabocra? Ou onde guardou aquela estrela e aquela badana de 2002?
Editado por Giulio Sanmartini às 10/19/2006 03:03:00 AM |
|