Por Ricardo Brandt em O Estado de São Paulo Rogério Aurélio Pimentel acompanha presidente desde época de sindicalista e tem sala próxima de seu gabinete O ex-assessor da Presidência Freud Godoy esteve reunido por quase três horas anteontem, em São Paulo, com Rogério Aurélio Pimentel, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ocupa uma sala a poucos metros do gabinete presidencial no Palácio do Planalto. Freud foi exonerado do cargo após ter seu nome envolvido no escândalo da compra do dossiê Vedoin, com denúncias contra candidatos do PSDB. Aurélio - um nome desconhecido até então, mas que acompanha Lula desde a época de sindicalista no ABC - ocupa na Secretaria Particular da Presidência o mesmo cargo e tem as mesmas funções de Freud. Homens de confiança do presidente, ambos dividiam sala no Planalto. É um mistério o assunto do encontro entre Freud e o assessor especial de Lula, um mês após o estouro do escândalo do dossiê e em meio a especulações de que seu nome teria sido preservado pela Polícia Federal nas investigações para que o caso não atingisse o presidente da República.
O advogado de Freud, Augusto Botelho, informou ao Estado que seu cliente não teve uma reunião, mas um almoço com um antigo amigo de trabalho. “Eles não discutiram nada relacionado a trabalho nem ao caso (do dossiê)”, disse. Segundo ele, Freud ainda foi buscar na casa de Aurélio uma planta que estava grande para seu apartamento. Ontem e anteontem, o Estado procurou por Aurélio na Presidência, mas foi informado por uma funcionária que ele estava viajando. A assessoria de imprensa também não respondeu às ligações. O ENCONTRO Freud chegou por volta do meio-dia, vestindo moletom, e foi recebido por Aurélio, que o aguardava na portaria do prédio. Os dois subiram até o apartamento 183, do bloco B, onde mora Aurélio. Ele deixou o edifício por volta das 15 horas e, de fato, carregava uma planta em um vaso. O local do encontro foi o edifício Torres da Mooca, na Rua Marina Crespi. Dois andares acima mora outro homem muito próximo do presidente Lula: José Carlos Espinoza. Ex-chefe do gabinete regional da Presidência em São Paulo, Espinoza é desde o início da campanha o responsável pela agenda de candidato de Lula em seu comitê paulista. Foi no apartamento de Espinoza, no 203 B do Torres da Mooca, que ele, Freud e o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, tiveram um encontro há um mês (dia 19) - logo após Freud prestar depoimento espontâneo na Polícia Federal de São Paulo. A revista Veja, em sua última edição, informou que Freud e Espinoza chegaram a ter uma reunião no dia 18 ou dia 19 na superintendência da PF em São Paulo com o preso Gedimar Pereira Passos - um dos homens detidos com o R$ 1,75 milhão que seria usado para a compra do dossiê. Tanto a PF, como os demais personagens negaram o encontro. A estratégia que envolveria Freud e Espinoza consistiria na montagem de uma “operação abafa” para que o nome do ex-assessor de Lula fosse excluído das investigações, a fim de descolar o nome do presidente do caso. Não há provas disso. O que há é a certeza de que Freud, mesmo depois de exonerado, manteve contatos com os homens de Lula que atuam tanto na campanha como na Presidência. O suposto envolvimento de Freud com a compra do dossiê veio à tona com o depoimento de Gedimar à PF. Ele afirmou que partiu do ex-assessor a ordem para a operação em que seria comprado o dossiê Vedoin. Posteriormente, Gedimar negou, em defesa encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral, a participação do ex-assessor de Lula.
Editado por Giulio Sanmartini às 10/20/2006 08:52:00 AM |
|