Por Adriana Vandoni
Existe algo que não bate neste caso do escândalo do dossiê. Desde o dia 15 de setembro, quando a boca da gangue foi estourada, já surgiram várias versões para tudo: a de que os saques teriam sido feitos no Bradesco, Safra e BankBoston, que as agências eram nos bairros Barra Funda e Lapa em SP e no Rio, em Duque de Caxias. A história das fotos do dinheiro que, embora o delito tenha sido realizado para fins eleitorais, em benefício do PT e seus aliados, não poderiam ser divulgadas “para não serem utilizadas para fins eleitorais” (pelos adversários do governo, é claro), de acordo com o Criminalista Thomaz Bastos, “empenhado” em solucionar o caso.
O Coaf não demonstrou presteza para passar informações sobre a movimentação financeira de R$ 1,75 milhão, segundo o delegado da PF Diógenes Curado, o motivo é que os saques foram abaixo do limite que chamaria atenção do Coaf, de R$ 100 mil. Engraçado que no caso do caseiro Nildo, chamou a atenção do Coaf, embora o valor fosse de R$ 30 mil.
Mas tudo bem!
Esta semana a CPI dos sanguessugas divulgou que o Delegado Diógenes Curado teria chegado a conclusão de que parte do dinheiro teria saído dos cofres do PT, versão negada ontem pelo delegado. Porém ele informou que parte do dinheiro teria saído de bancas do jogo do bicho no Rio de Janeiro.
Nossa, isso tudo confunde mesmo a gente, não? Vamos voltar ao início do caso.
Será que só o PT teria motivos para prejudicar o PSDB? O PSDB concorreu em vários estados, nem todos tiveram o PT como adversário. Vedoin tinha o núcleo do seu negócio em Cuiabá, onde, até ser preso, circulava pelas mais variadas rodas e com uma incrível facilidade de fazer amigos. Lembrem-se de que foi através de uma banal troca de malas que ele e Lino Rossi se tornaram amicíssimos.
A primeira tentativa de envolver alguém do PSDB na máfia foi quando colocaram o senador Antero como recebedor de propina por intermédio de Lino Rossi. A versão foi descartada através de contradições dos próprios Vedoins, e negada pelo próprio Lino, que classificou a denúncia como delírio.
Tudo bem, mas delírio de quem?
Depois disso entrou em cena Valdebran Padilha, que se diz amigo dos Vedoins. Padilha tem sua base em Mato Grosso, possui ligações tanto com o PT do Campo Majoritário (porém é inimigo da senadora Serys - PT), como com o PMDB, para os quais “operava”. O PMDB possui ligações com vários partidos e concorria com o PSDB em vários estados, inclusive em MT. Valdebram Padilha visitou Vedoin no presídio a pedido de um suposto advogado, onde começou a tratar do negócio do dossiê, segundo seu depoimento à PF.
Tudo bem, mas a pedido de quem?
Agora surgiu o tal bicheiro carioca. Pelo que li até agora e pelo pouco que foi divulgado dessa versão, uma das argumentações dessa hipótese é de que o dinheiro apreendido estava em notas pequenas, logo, oriundo do jogo do bicho. Mas peraí! Igrejas que cobram dízimos, empresas de ônibus, padarias, farmácias, lojas de aviamentos, enfim, diversas outras atividades econômicas movimentam grandes quantias de moeda em espécie. Não estou entendendo!
Na hipótese de ser confirmada essa versão, resta saber o que de fato interessa. Por que e através de quem o dinheiro teria saído da banca do bicheiro para as malas do PT?
Tudo são apenas dúvidas e suposições, mas, acredito, nada será descoberto sem uma informação básica, que parece ter sido esquecida. Não se pode chegar à origem do dinheiro sem saber a origem da idéia.
Afinal, quem mandou Valdebran falar com Luis Antonio na cadeia?
Editado por Adriana às 10/19/2006 11:50:00 PM |
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