Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa É pagar para ver se, ao final do ano, o vaticínio do crescimento de 4% do PIB feito por Lula se cumpre. Tudo indica que não e que, conversando com o pessoal do mercado, uma aposta razoável seria em torno de 3,7%. O presidente vem se fiando em número da microeconomia por uma questão meramente eleitoral: se o arroz, o feijão e o cimento estão baratos, é sinal de que quem vai votar nele - o pessoal das classes D e E, que hoje come um pouquinho mais e que está terminando de fazer o puxadinho num bairro popular qualquer - ainda não começou a sentir os efeitos concretos da falta de crescimento do País. Esta, aliás, é uma questão que Lula terá de encarar de frente no segundo mandato. Crescimento econômico pequeno e com a produção baseada em produtos de baixo valor agregado, não serão capazes de sustentar um mastodonte como o Brasil. É uma corrida contra o tempo para a qual o presidente já tem de estar avisado: avaliando os números internacionais, a expectativa é de que haja uma redução expressiva do crescimento dos Estados Unidos, do meio para o final do governo George W. Bush. E se a locomotiva pára, os vagões a seguem. Um primeiro anúncio disto é o da redução da bolha imobiliária nos EUA: quem pôde, ou buscou a própria casa ou saiu para um imóvel maior refinanciando o saldo que restara da propriedade anterior.
Essa desaceleração está sendo prevista há alguns meses, o que representa dizer que quem cresceu, cresceu, e quem não cresceu, não cresce mais. Não se espera para os próximos anos aquela disparada estupenda da China ou da Índia. Nas estimativas, se o mundo realmente caminhar para uma recessão, será um verdadeiro carnaval se o país do camarada Mao crescer em torno de 4%. Os mesmos 4% previstos por Lula para o Brasil em 2006. O que quer dizer que o País continuará claudicando quando a borrasca econômica chegar, pelo menos nos moldes que está sendo esperada. A previsão de Lula para o crescimento deste ano não se refletirá nas eleições. Inclusive é mais um episódio da desonestidade intelectual que consumiu o atual governo, que não reconhece ter matado passarinho com tiro de canhão quando o Banco Central deu aquela arrancada ladeira acima dos juros. Se conclui hoje dentro do Palácio do Planalto que a puxada foi além da conta, mas admitir isto seria desgastar mais ainda a desgastada imagem de Antônio Palocci. Que fez tudo o que seu mestre Meirelles mandou. Se Lula estiver pensando mais além e souber de tudo (e algo mais) o que está escrito aqui, torce para dar os 4% e agradece à equipe atual do BC, mas manda-a embora. Se não, se dá por satisfeito com os 4% do PIB e mantém tudo como está, pois "em time que está ganhando não se mexe". Duro será se o País crescer menos do que prevê o presidente: terá de mandar todos embora obrigatoriamente, montar uma equipe mais ousada e rezar para ainda dar tempo de fazer alguma coisa.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/04/2006 05:02:00 AM |
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