Por José Inácio Werneck
Estados Unidos, 3 de setembro
A imprensa americana, com elogiáveis exceções como Frank Rich, do New York Times, se deixa manipular com facilidade pela administração Bush. O último exemplo ocorreu com a afirmativa do presidente e de seu Secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, de que estão combatendo o nazi-fascismo no Iraque, como Roosevelt fez na Segunda Guerra Mundial.
Eles têm a audácia de comparar uma época em que as tropas americanas eram recebidas com flores pelas populações que libertavam do jugo de Hitler, Mussolini e Hirohito, com a atual, em que são alvos da ira e até do ódio pelo mundo afora, justamente em conseqüência da política comandada por Bush e Rumsfeld (que, não esqueçamos, certa vez viajou ao Iraque para confraternizar com Saddam Hussein).
As dessemelhanças entre o que aconteceu na década de 40 começam pelo fato de que, em 11 de dezembro de 1941, foi a poderosa Alemanha nazista que declarou guerra aos Estados Unidos, não o oposto. Foi o poderoso Japão que atacou Pearl Harbor de surpresa, no dia 7 de Dezembro de 1941, enquanto o Departamento de Estado Americano recebia o embaixador do país em Washington para continuar negociações que evitassem a guerra.
Agora, a situação só pode ser vista de cabeça para baixo. Onde antes houve honra, só há desonra. Sob o falso pretexto de que Saddam Hussein tinha “armas de destruição em massa”, o governo George W. Bush invadiu um país subdesenvolvido e tão indefeso que sua aeronáutica podia voar apenas numa faixa muito limitada ao sul e ao norte de Bagdá. O resto do espaço aéreo do Iraque era controlado por americanos e ingleses.
Preocupado com as chamadas “eleições de meio-termo”, no próximo dia 7 de novembro, George W. Bush mente deslavadamente. O mais lamentável porém é ver a grande maioria da imprensa do país deixar-se utilizar como joguete em suas mãos.
José Inácio Werneck é jornalista e escritor, com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os Imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos", um estudo sociológico, e "Sabor de Mar", uma novela. Exerce as funções de Intérprete Judicial do Estado de Connecticut.