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O FIM DE TODOS OS CRIMES
por Gerson Faria em Mídia sem Máscara
Brasil, 2006. Estamos nos educando, dia e noite, no árduo aprendizado em que os crimes do passado serão as virtudes do amanhã.
Nessa tarefa gigantesca, não estamos sós. Contamos com o apoio de um sem número de colaboradores; dado que envolve operações mentais e espirituais de imensas proporções, ajuda externa é necessária. Sozinhos não poderíamos nos iludir tão completamente. Até agora, como bons alunos, aprendemos que:
- O rebaixamento da consciência é necessário para sua elevação;
- Neste momento crucial devemos estar afinados num espírito inexistente de nação.
- Logo que nosso passado de 500 anos de submissão for superado, e isso deverá ocorrer aproximadamente após a reeleição do Sr. Da Silva, seremos a nação que irá redimir todos os males, existentes e por existir, nossos e de todas as outras;
- A corrupção moral crescente é o resultado do esforço em combatê-la, como a um ralo entupido que transborda antes de sua total desobstrução, não nos importando que o ralo não pare de trazer novidades;
- Covardia é sinônimo de grandeza e civilidade, pois apego a bens materiais como por exemplo companhias de petróleo, deve ser enxergado como coisa de pequeno burguês, das camadas conservadoras, embora sempre ouvimos que o petróleo era do povo e não dessas camadas burguesas que a defendem;
- A destruição do patrimônio e dos símbolos do Estado são manifestações que mostram o avançado grau de democratização e republicanismo alcançados.
Assim, a criação acelerada e profusa de crimes, cem, mil vezes piores, fará com que os passados se apresentem como ninharias. A tarefa histórica a que nos propomos hoje é a de formar grandes escroques, de nível internacional. Será que estaremos preparados para o desafio que se apresenta? A questão que se impõe é "o dinheiro na cueca faria parte dos meios ou dos fins?"
Em seu “Breve Tratado de Sovietologia”, Alain Besançon descreve a forma mental do membro exemplar do partido, aquele que não tem a menor dívida com a realidade:
“O comunista perfeito é o que, a exemplo de Lênin, não tem mais que uma palavra, que uma linguagem e que vive inteiramente na surrealidade. Se ele mente (salvo ao inimigo de classe, o que é seu dever), não é um bom comunista. Se crê que a linguagem que emprega pode ter curso na realidade “real”, é ingênuo. Se, em seu foro íntimo ou no círculo de seus amigos, mantém uma outra linguagem, ele é cínico. Um bom comunista é perfeitamente sincero”
E ficamos nos digladiando, infrutiferamente, lateralmente, indignados com sua sinceridade criminosa. “Como pode ser tão cara de pau?”, nos perguntamos, incessantemente, como pequenos burgueses.
Dada a monstruosidade do combate, quando ouvimos o modorrento discurso economicista de salvação, só podemos chegar à conclusão de que seus portadores parecem mesmo querer ser comprados. E quem se erguerá para dizer que isso é crime?


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/26/2006 03:02:00 AM      |