Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - Com direito a uma pesquisa por dia, até domingo próximo, inclusive, o eleitorado fornecerá mais uma evidência de ser influenciado pelas consultas ou, ao contrário, influenciá-las. O mais provável é que o círculo se feche e as duas premissas se mostrem verdadeiras. Existem, porém, outras formas de aferição, além das sempre condicionadas e muitas vezes tendenciosas pesquisas. Elas não ganham eleição, está comprovado através dos anos e de sucessivos desencontros de seus resultados com as urnas. Em especial as pesquisas pagas, numa operação comercial igual a tantas outras, onde o freguês tem sempre razão. Mesmo as pesquisas onde o dinheiro não entra, acima de tudo louváveis, complicam-se na elaboração das questões.
Se uma das perguntas busca saber se o eleitor considera o presidente Lula envolvido com o escândalo mais recente, como esperar que depois de responder que sim o cidadão consultado não se sinta inclinado, por coerência, a negar seu voto ao candidato à reeleição? A recíproca também surge verdadeira. Sem desmerecer os esforços dos institutos, tanto para faturar quanto para tentar antecipar-se ao resultado eleitoral que garantirá aplausos e também novos contratos nas futuras eleições, a verdade é que as pesquisas podem errar ou acertar, como concluiria o Conselheiro Acácio, aquele personagem do final do século XIX, hoje esquecido de todos. O eleitorado participará, domingo, da verdadeira e única pesquisa necessária, com a presença de 125 milhões de consultados em vez de dois, três ou quatro mil incautos escolhidos a esmo. Por tudo isso, melhor será confiar desconfiando dos números que nos atropelam.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/26/2006 02:56:00 AM |
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