por Carlos I.S. Azambuja, professor em Mídia sem Máscara O PT também usou o fundo partidário para pagar R$ 22,8 mil de passagens aéreas para a China, em benefício de Rioco Kayano, mulher do então presidente do partido, José Genoino (PT-SP). Passagens a Paris de primeira classe foram pagas a Luis Favre, marido de Marta Suplicy (PT-SP), no valor de R$ 17.700,00. Quem também embarcou para a capital francesa foi o prefeito de Guarulhos (SP), Elói Pietá (PT), que ainda foi a Barcelona. Marta Suplicy, por sua vez, gastou R$ 27 mil com o aluguel de um jatinho para deslocamentos entre São Paulo, Florianópolis e Brasília. Quem viajou com dinheiro do fundo partidário, ainda, foi José Adalberto Vieira da Silva, o assessor do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE) e um dos ícones do escândalo do mensalão, preso com R$ 200 mil numa maleta e US$ 100 mil na cueca.
Em 14 de setembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou Roberto Jefferson (PTB-RJ). A interrupção do mandato do deputado autor da denúncia do mensalão foi endossada por 313 parlamentares. Outros 156 votaram contra. Houve ainda 13 abstenções, cinco votos em branco e dois nulos. O petebista fica inelegível até 2015. Em discurso de 42 minutos, Jefferson acusou Lula de relapso. “Se ele não praticou o crime por ação, pelo menos por omissão”. Jefferson não aceita a acusação de que não tomou providências, assim que soube do esquema de pagamento da propina a deputados: – “Fiz uma peregrinação. Ao José Dirceu, como ministro-chefe da Casa Civil, falei isso umas dez vezes. Falei ao Ciro. Depois nós descobrimos que o Márcio, secretário-executivo do Ministério, tinha recebido do Marcos Valério R$ 500 mil para saldar contas de campanha. Mas falei ao Ciro, com lealdade. Ele disse: ‘Eu não acredito nisso’. Falei ao ministro Miro Teixeira. Falei com o presidente”. Com a língua afiada, sua melhor característica, Jefferson atacou: – “Tirei a roupa do rei, mostrei ao Brasil quem são esses fariseus, mostrei ao Brasil o que é o governo Lula. – Rufiões da pátria, proxenetas do parlamento. Este é o governo mais corrupto que testemunhei nos meus 23 anos de mandato, o mais escandaloso processo de aluguel de parlamentar. – Meu conceito do presidente é que ele é malandro, preguiçoso. O negócio dele é passear de avião. Governar que é bom, ele não gosta. – O PT não tem projeto de governo. Eu quero dizer o PT, esse Campo Majoritário e essa cúpula que assaltou o Brasil. Rato magro, hem? Quem nunca comeu mel quando come se lambuza. Rato magro. PC Farias é aprendiz de feiticeiro ante essa gente que assaltou o Brasil. Rato magro. Mas eu nunca bati no peito para dizer que eu sou o paladino da ética e o campeão olímpico da moralidade. Todo fariseu e farsante emprega culpa ao adversário como se fosse um biombo para esconder os seus defeitos. – O presidente escolheu o ministro José Dirceu como uma espécie de Jeany Mary Corner, o rufião do Planalto, para alugar prostitutas, algo que ele entendia poder fazer na Câmara dos Deputados. Tratou esta Casa como se fôssemos um prostíbulo”. Em 07 de outubro de 2005, algumas semanas depois de se dizer traído e pedir desculpas em pronunciamento de televisão pelos erros cometidos pelo PT, Lula reuniu 67 dos 83 deputados do PT no Palácio do Planalto. Alguns acusados de envolvimento no escândalo do mensalão estavam presentes. Lula prestou solidariedade: – “Vocês não são corruptos. Vocês cometeram erros, mas não de corrupção. Todos vocês são construtores do PT”. E, referindo-se diretamente aos parlamentares acusados: – “Vocês são companheiros que não têm nenhuma doença contagiosa, nada que impeça a nossa convivência”. Em 15 de outubro de 2005 , a revista Veja voltou a publicar uma reportagem sobre as atividades de lobista do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá. César Alvarez, assessor do presidente da República, recebeu, com intermediação de Vavá, o empresário português Emídio Mendes, um dos controladores do Riviera Group, que atua no setor imobiliário, turístico e energético. O irmão do presidente participou da audiência, no Palácio do Planalto. Oito dias depois, o empresário, mais uma vez acompanhado de Vavá, estava de volta ao Palácio do Planalto. Desta vez para ser recebido pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Por fim, e em decorrência dos encontros patrocinados anteriormente por Vavá, o empresário fez uma visita à sede da Petrobrás, empresa com a qual vinha tentando fechar negócios, no Rio de Janeiro. Acompanhou-o, mais uma vez, Vavá. A reportagem de Marcelo Carneiro e Camila Pereira questiona o papel de Gilberto Carvalho, amigo e freqüentador dos churrascos patrocinados por Lula na Granja do Torto. Trecho do texto de Veja: “A pergunta óbvia é: Carvalho não comunicou ao presidente que seu irmão levava empresários para fazer negócios no Palácio do Planalto? E, se comunicou, por que o escritório de Vavá funcionou a pleno vapor até sua existência e finalidade terem sido reveladas por Veja? Solicitada a responder a essas perguntas na última sexta-feira, a assessoria da presidência limitou-se a dizer que tanto Carvalho quanto o presidente estavam ‘incomunicáveis’. Para quem, ao longo dos últimos escândalos, sempre se mostrou o último a saber, o termo não deixa de ser apropriado”. Em 16 de outubro de 2005, Delúbio Soares comemorou o aniversário na fazenda Catonha, em Buriti Alegre (GO). O proprietário é o pai dele, Antônio Soares. Delúbio divertiu-se refrescando os amigos com água de um caminhão-pipa da Prefeitura. O prefeito, João Alfredo de Mello (PT), foi eleito com apoio do ex-tesoureiro. Apesar de formalmente afastado do comando do PT, Delúbio mantém a pose e os privilégios de dirigente do partido. Chegou a Buriti Alegre num automóvel Omega blindado, recém-adquirido, pelo qual pagou R$ 67 mil, à vista. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-tesoureiro informou ter patrimônio de R$ 168 mil. Na fazenda em nome do pai, Delúbio faz a festa protegido o tempo todo por dois seguranças. O ex-tesoureiro concedeu entrevista ao repórter Expedito Filho, de O Estado de S. Paulo. Minimizou a importância do escândalo do mensalão: – “Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão”.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/26/2006 02:38:00 AM |
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