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QUEM SABE FAZ A HORA
Por Onofre Ribeiro
Recentemente abordei neste espaço tema relacionado às lideranças nacionais neste ambiente de crises e de perplexidades em que vivemos. Recordei que, historicamente, no Brasil três áreas sociais criam as inovações que mudam a sociedade: o Congresso Nacional, as universidades e a classe média.
A cada dia as três instâncias se distanciam da possibilidade de conduzirem uma nova ordem no país. Então, se não há lideranças pensantes onde tradicionalmente se produziu as teses e idéias, fica um vazio imenso a ser preenchido.
É engano pensar que a sociedade pára e espera por líderes. Ela se move por uma força invisível chamada evolução. Se não aparecem condutores, a sociedade se organiza ao seu modo, seguindo um instinto ancestral humano de avançar sempre. E avança. Isso quer dizer que as novas lideranças que comandarão o pensamento social e político brasileiro, parece que desta vez não virão dos canais formais da política e do Estado.
O novo Congresso Nacional que sairá das eleições de 2006 será bastante renovado, mas não o suficiente para assumir um comando e encarar todas as enormes contradições que a República acumulou nos seus 115 anos. Além do mais, ela não resolveu as contradições herdadas do Império e nem dos tempos coloniais.
Parece bem claro que o Estado terá dificuldades grandes de governabilidade, independente de quem se eleja presidente da República. O país está de cabeça para baixo: carga tributária elevada, o Estado desmontado, a inércia dos investimentos, a gestão escandalosamente incompetente e autoritária voltada para si mesma, o país sem objetivos dentro do mundo globalizado.
Esse ambiente de ingovernabilidade pragmática, tanto política quanto econômica, é extremamente favorável para a gestação de movimentos de lideranças. Podem ser organizações não-governamentais, podem ser movimentos supra-partidários, podem ser os movimentos sociais. Até porque, a tradicional liderança exercida pelos políticos e pelo Estado brasileiro esgotaram-se. As urnas indicam claramente que uma poderosa ojeriza está comandando as pessoas no exercício do voto.


Editado por Giulio Sanmartini   às   8/13/2006 07:20:00 AM      |