por Helena Celestino em O Globo, correspondente NOVA YORK. Após vários adiamentos, o Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem à noite, por unanimidade, uma resolução exigindo da milícia xiita do Hezbollah “a cessação total dos ataques” e de Israel “o fim imediato da ofensiva militar” no Líbano. O texto será examinado hoje pelo governo do Líbano e amanhã por Israel, mas o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, teria concordado com os termos da resolução. — Telefonarei para os dois primeiros-ministros com o objetivo de fixar a data e a hora que o cessar-fogo entrará em vigor — informou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. A resolução foi aprovada no dia em que o seqüestro de dois soldados israelenses pelo Hezbollah — o que deflagrou o conflito — completou um mês e no dia em que Olmert ordenara a ampliação da ofensiva. Força de paz será reforçada pelo Líbano Sob forte pressão internacional, os países-membros do Conselho de Segurança conseguiram uma solução negociada com Israel e Líbano, após semanas de difíceis negociações, período durante o qual mais de mil pessoas foram mortas, 3.600 feridas e um milhão de civis obrigados a abandonar suas casas.
A resolução — proposta por EUA e França — prevê a saída de Israel do Líbano, mas só depois que uma força de paz da ONU, com 15 mil homens, chegar ao sul do país para apoiar as tropas libanesas na tarefa de garantir a paz. O texto pede ainda que Annan coordene propostas para pôr em prática a resolução 1.559 (que prevê o desarmamento do Hezbollah). — Esperamos que a comunidade internacional fiscalize o embargo da entrada de todas as armas no Líbano sem autorização do governo e pedimos que Síria e Irã obedeçam esta determinação — exigiu a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. Annan apoiou a medida, mas se disse decepcionado pela demora na aprovação de uma resolução, enquanto civis sofriam de ambos os lados. A resolução estabelece também que o Exército libanês e a força da ONU garantam a criação de uma zona desmilitarizada de 7,5 quilômetros ao longo da fronteira entre Líbano e Israel, território que os combatentes do Hezbollah desocupariam. Annan é instado a trabalhar para que no prazo de uma semana as medidas sejam postas em prática. O texto da resolução não faz referência à troca de prisioneiros, mas tanto Israel quanto Líbano consideram indispensável a entrega dos soldados capturados pelo Hezbollah e a devolução dos prisioneiros libaneses. Pela primeira vez, é reconhecida a reivindicação do Líbano de ter de volta as Granjas de Shebaa. Ontem, o dia foi tenso, mas desde a manhã ficou claro que um acordo estava próximo. Após uma semana à espera de um sinal de que a resolução seria votada, Condoleezza chegou cedo à ONU para um encontro com Annan. Os dois saíram dizendo que estavam otimistas. O novo projeto de resolução foi enviado para ser revisado pelos primeiros-ministros de Israel e Líbano. À tarde, o conselho tentava acertar os últimos pontos em desacordo, entre eles a abrangência da resolução: Israel queria que a comunidade internacional pudesse recorrer às armas para impor a obediência às medidas, mas o Líbano conseguiu que o texto não fosse tão impositivo. Em troca, Beirute concordou que a força de paz tivesse um mandato classificado pelos diplomatas de “forte”. A Unifil terá como tarefas monitorar o fim das hostilidades, apoiar o Exército do Líbano enquanto Israel se retira do país, garantir o acesso da assistência humanitária às populações civis, ajudar o Exército libanês a garantir a zona desmilitarizada e desarmar o Hezbollah. — Não existe possibilidade de os EUA participarem dessa força — disse Condoleezza.
Editado por Giulio Sanmartini às 8/12/2006 06:04:00 AM |
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