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O PRESIDENTE DO LÍBANO
Por Giulio Sanmartini
Na Europa o anti-semitismo sempre existiu, ora mais forte, ora mais fraco, mas sempre presente. Na Itália por ser a sede do catolicismo ele sempre está presente. Haja vista que no dia em vencia-se a Copa do Mundo, um grupo deixava suas marcas de vandalismo e intolerância nos gueto judeu de Roma, onde chegaram até a profanar sinagogas.
Por isso causa surpresa a forma isenta como o jornalista Lorenzo Cremonesi conduziu uma entrevista com o presidente do Líbano, general Émile Lahoud (Correire della Sera 10/8) mostrando que o pacifismo libanês, exaltado por má fé de muitos, nada mais é que uma ignóbil falsidade . Segue abaixo a tradução na íntegra.
O HEZBOLLAH É PARTE INTEGRANTE DO NOSSO EXÉRCITO NACIONAL
Por Lorenzo Cremonesi
Beirute – Está convencido que o Hezbollah seja “parte integrante do exército libanês. Que para o cessar fogo não se faz necessário que seja desarmado, mas “o imediato retiro israelense” e o envio ao sul do rio Litani de 15 mil soldados regulares “para ajudar o Hezbollha”.
Ouvindo-se Émile Lahoud se entende porque a paz esteja bem longe e quanto o Líbano seja um país profundamente dividido, com o primeiro Ministro que faria de tudo para terminar com a força militar do Hezbollah e o presidente que dá força “ao exército de libertação nacional”.
O presidente é Maronita (a Igreja Maronita é católica sui iuris – nt.), considerado um “traidor à serviço da Síria” por muitos cristãs libaneses (mas também pelo líder druso Walid Jumblatt e por todos os sunitas), presidente desde 1998, com mandato renovável por desejo de Damasco até novembro de 2008, ele efetivamente não acredita num tratado de paz bilateral Israel/Síria. Nos explicou ontem num encontro que durou quase uma hora no palácio presidencial de Baadba:”Até que não seja resolvido o caso dos palestinos, também nós libaneses estaremos em estado guerra contra Israel”.
Presidente, como chegar ao cessar fogo?
“Qualquer resolução da ONU tem que estabelecer o retiro imediato israelense. Caso contrário se deixa ao inimigo o direito de ocupar o Líbano. A resistência do Hezbollah continuou combatendo depois do retiro israelense em maio de 2000, de uma grande parte de nosso país, mas ainda ficou ocupada a zona de Shebaa e outras vizinhas. Este é o maior motivo da guerra atual. Portanto o documento da ONU deve incluir que Israel deixe Shebaa e também os montes Hermon que são nossos.”
O senhor sabe que aquelas zonas foram sírias até a Guerra de 1967: Fato declarado também pela ONU em 2000.
“Por um mês e meio falamos com os enviados da ONU depois da retirada israelense de 2000. Queria-se também evitar o derramamento de sangue dos libaneses que tinham colaborado com Israel durante a ocupação. No fim concluímos que a linha de confins deveria ainda ser estabelecida. O status de Shebaa e dos montes ficou suspenso. Agora tem que ser definido. O departamento jurídico da ONU afirmou que de acordo com o direito internacional a questão daqueles limites deva ser esclarecida entre Síria e Líbano. Bem, Damasco declarou que Shebaa é libanês pelos mapas dos anos 1920.”
Não é tudo um pretexto para manter as milícias Hezbollah?
“O fatos demonstram que Israel tinha já planificado a nova invasão ao Líbano. Se de fato quisesse a liberação dos dois soldados raptados no dia 12 de julho, não teria feito algo que propor uma troca de prisioneiros como fez Sharon em 2004.”
Israel diz que não quer voltar no Líbano.
“Eu digo que quer voltar. Mas foi batido. A capacidade de resistência o surpreendeu. E ele se vinga nos civis. O Hezbollah combate como os vietcong. Eu estou com eles. Nós não podemos vencer uma guerra convencional contra Israel. O seu exército é muito superior. Mas as nossas técnicas de guerrilha são muito eficazes. Tanto que depois de um mês de guerra os seus soldados são ainda constrangidos a refornecer-se com helicópteros , porque o território está nas mãos de nossos valorosos partizans.”
Devo deduzir então que o Hezbollah é parte do exército libanês?
“Certamente. E por ser eficiente tem que ficar como um movimento de guerrilhas paralelo ao nosso exército.”
Está pronto a retirá-lo ao norte de Litani em troca de um cessar de fogo?
“Não serve. O nosso exército garantirá o cessar fogo. Mas existe ainda um fato grave, que Israel usa bombas com fósforo de urânio empobrecido. Massacra os civis.”
Os médicos de Tiro e Sidon negam.
“Temos provas e as enviamos para a ONU. Como também temos provas que agentes de Israel mataram Rafik Hariri.” (ex dirigente libanês nt)
Mas o mundo suspeita da Síria pela morte de Hariri.
“Foi Israel, porque tem ciúmes de nosso sucessos.”
É possível a paz entre Israel e Líbano?
“Nós temos aqui algo mais que 500 mil palestinos. São um grave problema demográfico. A paz só virá com a solução desse problema.”
Irã e Síria sustentam o Hezbollah às custas do Líbano?
“Não é verdade. O Hezbollah é antes de mais nada uma força libanesa, pelos menos três libaneses em quatro estão com a resistência. Os americanos ajudam Israel, os armam com bombas mais terríveis, por que nós não podemos ter ajuda dos outros?”




Editado por Giulio Sanmartini   às   8/12/2006 06:09:00 AM      |