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O MAL E A CRENÇA
Por Ralph J. Hofmann

Ha meia hora atrás vi um cronista desportivo, homem via de regra razoável, reclamando contra a penalidade visitada contra seu time do coração o Grêmio. Alegou que a penalidade de perda de mando de campo, além da multa é excessiva para algo que não é culpa da diretoria do time.
Ele tem razão, a diretoria do time certamente não faria nada do que o grupo de torcedores fez, mas a experiência mundial também comprova, não ha nada que se possa fazer contra esses grupos de torcedores senão castigar o time. Isso serve como freio contra os fanáticos. Para coibir os “hooligans” todos os torcedores ingleses tiveram de ser banidos do continente por alguns anos.
É verdade que a maioria dos Gremistas não tem nada de desabonador. Mas os anos de sucesso atraíram torcedores fanáticos, trazidos pelos sucessos da década de oitenta. E não há nada de racional em ser torcedor. Podemos dizer a um torcedor que por tais motivos o time dele não é hoje lá essas coisas. Não adiantará. Falará de outro time, bem sucedido e dirá que é uma ralé, que isso e que aquilo. Realmente não enxergará os méritos do oponente. E mais, odiará o oponente.
Combine-se estes fatores com a anonimidade da turba, e um momento de violência se torna um massacre.
E imaginemos um grupo insuflado. O mal coberto por slogans. É exatamente o que ocorre tanto em times de futebol quanto em confrontos entre xiitas e sufis, hutus e tutsis, judeus e islâmicos. Em algum momento alguém pinta o adversário com as corres do diabo, a mensagem é repetida até que a morte do inimigo não seja mais um evento assustador, calamitoso. Passa a ser algo altamente desejável, que dispensa dores na consciência.
O Grêmio sem o Colorado é um vatapá sem pimenta. Os dois são simbióticos. No Alcorão é preciso pesquisar para achar elementos que justifiquem a inimizade a outros povos, mas quem se interessou nisto encontrou estes e não aqueles em que Maomé desejava que os povos se auxiliassem mutuamente (e os há).
Todas as crenças geraram desculpas para a violência contra os vizinhos. As igrejas cristãs não foram diferentes. Dominaram todo o ocidente em grande parte pela conquista, demonizando o inimigo. Conquistaram pela crença o que não conseguiam conquistar pelas armas.
Quem dera a correção de rumos sempre fosse tão simples como uma perda de mando de campo. Não fará os Gremistas amarem os Colorados mas os fará parar de incendiar o lar inimigo muito antes de comprar Katyushas para jogar no Estádio do Beira Rio.


Editado por Adriana   às   8/07/2006 07:37:00 PM      |