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ALIANÇA CONSTRANGEDORA
por Evandro Éboli em O Globo
O primeiro ato de campanha que levou ao mesmo palanque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador mineiro Newton Cardoso (PMDB), candidato ao Senado na coligação com o PT, foi marcado pelo constrangimento e pelo desconforto para os petistas. Foi no sábado à noite, em Belo Horizonte. Incluído na chapa em um acordo de cúpula dos dois partidos, com apoio do Palácio do Planalto, “Newtão”, como é conhecido em Minas, é rejeitado não só pelos militantes como pelos candidatos do PT a deputado estadual e federal, que não colocam seu nome no material de campanha.
No comício de sábado à noite, no Chevrolet Hall, não havia sequer uma faixa com o nome de Cardoso. A maior parte dos 2,5 mil petistas presentes era formada por prefeitos e lideranças do PT , todos orientados a não vaiar o ex-governador. Mas toda vez que o nome dele era citado, em vez de aplaudir, a platéia ficava em silêncio. No comício de Lula também estava o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, investigado pela CPI dos Sanguessugas.
LULA TEVE DE CONVENCER SUPLENTE
Newton Cardoso foi adversário histórico do PT em Minas e não tem boa imagem entre os partidos de esquerda. Daí a reação de vários diretórios municipais, que se negam, também, a fazer campanha para ele.
O candidato a governador pelo PT em Minas, o ex-ministro Nilmário Miranda, foi um dos articuladores da aproximação com Newton Cardoso. O interesse do PT era também no tempo de TV a que o PMDB tem direito. Um dos principais críticos da aliança foi o prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel, que ficou no lado oposto a Newtão no palanque.
Para se ter uma idéia da resistência do PT a apoiar Cardoso, foi uma dificuldade encontrar um nome da legenda que aceitasse ser seu suplente para o Senado. Depois de muito esforço e conversa, Lula e Nilmário convenceram o petista Carlos Calazans, que ia se lançar a deputado estadual, a concordar com a missão. Calazans diz que não foi por vontade própria, mas que acatou uma decisão do partido.
— Não foi fácil aceitar. No início, então, foi complicado. Mas foi uma decisão do partido e cumpro tarefa — disse Calazans.
O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) não esconde o constrangimento de ter Newton Cardoso aliado de seu partido.
— Não foi a melhor opção, mas vamos lá. Vou votar nele — disse o deputado.
NILMÁRIO FAZ CAMPANHA SOZINHO
Petista histórico e ex-prefeito de Belo Horizonte, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, também se mostra incomodado, mas prefere não atacar Cardoso diretamente. Por isso, Patrus desconversa.
— Estou longe do dia-a-dia da campanha em Minas. Estou lá em Brasília, cuidando do ministério. Como filiado, posso dizer que o PT tomou essa decisão (de apoiar Cardoso) e me disponho a acolhê-la — disse o ministro.
O deputado estadual Roberto Carvalho, do PT, afirmou que a base do partido em Minas não quer nem saber de Newton Cardoso.
— Difícil de engolir — resumiu o deputado mineiro.
Nilmário diz que a resistência a Cardoso vai se reduzir durante a campanha. Por causa dessas diferenças, Nilmário está fazendo campanha sozinho em municípios onde o PT não aceita o ex-governador.
Newtão rebate as críticas:
— Não vejo problema. Tem lugares que o PMDB também não aceita o PT e faço campanha sozinho. É gente que me apóia e também ao Aécio Neves (candidato do PSDB ao governo mineiro).



Editado por Giulio Sanmartini   às   8/07/2006 01:10:00 AM      |