Por Giulio Sanmartini Outro dia, escrevi que Luiz Inácio Lula da Silva faltava tanto com a verdade que até mentia por simples prazer quando lhe perguntavam as horas. Em sua entrevista no Jornal Nacional, não deixou por menos, podemos verificar a íntegra da carta escrita por ele em 16 de junho de 2005, quando José Dirceu saiu do governo e logo depois o que lê disse na tal entrevista: "Querido Zé, Recebi seu pedido de afastamento das funções de chefe da Casa Civil. Decidi aceitá-lo, louvando seu desprendimento pessoal. Só pessoas de sua grandeza são capazes desses gestos. Compartilho seu sentimento de que esta decisão permitirá a você melhor defender nosso governo, nosso partido e sua própria pessoa.
Como parlamentar brilhante que é - um dos líderes políticos mais importantes e respeitados da República - você poderá, na casa do povo brasileiro, desfazer as infundadas acusações lançadas por aqueles que querem desconstruir nossa história e nosso projeto de mudança social. Esta é a ocasião para expressar meu apreço por sua lealdade, dedicação, competência e honestidade no trato da coisa pública, como ministro-chefe da Casa Civil. É também a ocasião para reiterar minha amizade e gratidão por tudo o que fez pelo povo brasileiro em nosso governo. Como você mesmo diz em sua carta, a luta continua. Luiz Inácio Lula da Silva"
LULA MUDA VERSÃO E DIZ QUE AFASTOU DIRCEU DO GOVERNO Por Ricardo Brandt em O Estado de São Paulo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, que demitiu o ministro José Dirceu do comando da Casa Civil no ano passado. Desde que estourou a crise do mensalão, esta é a primeira vez que Lula desmente a versão - dada por ele mesmo - de que a iniciativa de deixar o cargo foi de Dirceu, na época um dos dois ministros mais poderosos. Lula afirmou ainda que demitiu Antonio Palocci, então ministro da Fazenda. "Eu o afastei. Afastei o Zé Dirceu, afastei o Palocci, afastei outros funcionários que estavam envolvidos e vou continuar afastando", disse Lula, que encerrou a série de entrevistas promovida pela Rede Globo com os principais presidenciáveis. Pouco mais de um ano atrás, em 16 de junho de 2005, o Palácio do Planalto divulgou carta de Dirceu endereçada ao "querido companheiro e amigo" Lula, em que ele pede seu afastamento. "Diante dos graves ataques desferidos nos últimos dias ao nosso governo, ao nosso partido e a mim mesmo, decidi pedir-lhe meu afastamento das funções de ministro-chefe da Casa Civil, para reassumir meu mandato na Câmara", escreve. No mesma ocasião, o próprio Planalto divulgou carta do presidente em resposta ao "Querido Zé", em que aceita sua saída. "Recebi seu pedido de afastamento das funções de chefe da Casa Civil. Decidi aceitá-lo, louvando seu desprendimento pessoal. Só pessoas de sua grandeza são capazes desses gestos." Dois dias antes, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) cobrara, ao depor ao Conselho de Ética da Câmara, a saída de Dirceu, acusando-o de ser o mentor do mensalão. "Zé Dirceu, se você não sair daí rápido, você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula. Rápido, sai daí rápido, Zé." Em 30 de novembro, a Câmara cassou o mandato do petista. GAFES A exemplo do que ocorreu com o candidato tucano, Geraldo Alckmin, o presidente não foi poupado de temas desconfortáveis, como a corrupção, assunto de várias perguntas dos entrevistadores. Lula chegou a cometer gafes ao longo dos pouco mais de 11 minutos de entrevista. Logo no início, ele disse que seu governo era um exemplo de "combate à ética", ao comentar as ações do Ministério Público Federal. Ao término, quando fazia um balanço positivo da economia, disse que "o Brasil vive seu melhor momento econômico, cresce emprego, cresce a economia e a única coisa que cai é o salário". Depois, Lula se corrigiu: "Os juros e a inflação."
Editado por Giulio Sanmartini às 8/11/2006 11:25:00 AM |
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