Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa
Foi só Heloísa Helena crescer nas pesquisas para virar vidraça. Os dirigentes do PT tentam denegri-la, devassando suas votações no Senado, lembrando ter sido expulsa do partido e até rotulando-a de "udenista", forma pejorativa significando que só critica o governo, sem apresentar soluções.
Erram Ricardo Berzoini e Tarso Genro, entre outros. Primeiro porque a UDN, de tantos serviços prestados à causa democrática, criticava, mas alinhava alternativa. Graças à extinta legenda foi criada a Petrobras, e até o primeiro presidente da estatal chamou-se Juracy Magalhães. Depois porque Heloísa Helena se viu punida pelo partido que ajudou a fundar por ter ficado fiel ao seu programa. Quem traiu o PT foi o governo do partido, apresentando ao Congresso projeto de reforma da Previdência contrário aos interesses do povo. Quanto às votações da senadora, mantiveram coerência ímpar, favoráveis ao bem público.
Mas é assim mesmo. Quem vai para a chuva geralmente se molha. Candidata capaz de chegar aos 18 ou 20% das preferências do eleitorado nas próximas pesquisas, Heloísa Helena será responsável pela realização do segundo turno das eleições. É o que o PT teme, mais do que o diabo teme a cruz.
Parece claro que só por milagre a candidata do Psol disputará o segundo turno, tendo em vista os percentuais de Lula e de Alckmin. Milagres, é claro, acontecem, mas se o papel da candidata no processo eleitoral tiver sido apenas o de levar a decisão para segunda votação, já terá cumprido sua missão. E isso por conta da sombra que paira sobre Brasília: se Lula conquistar o segundo mandato ainda no primeiro turno, logo começará campanha pelo terceiro mandato...