Por Onofre Ribeiro
Gostaria de relatar algumas percepções contidas nos e-mails que recebi sobre os dois artigos anteriores. Os adultos, preocupam-se com o entendimento dos fatos novos e das transformações em curso. Mas os jovens estão bem complicados quanto ao futuro que lhes sobrará como resultado dessas mudanças. Um dos e-mails traz a leitura de um jovem designer que acredita na completa mudança de todos os conceitos de comportamento dentro de no máximo 20 anos. E relata que conheceu a sua mulher através da internet, o que por si só, é um salto dentro desse conceito de mudanças. A leitora Nadia faz um desabafo típico de todas as mães atuais: “Ao mesmo tempo, percebo que os filhos querem pais tradicionais, que resolvam seus problemas, paguem suas contas, cuidem se suas vidas, de suas roupas, de tudo. Querem ser independentes e ao mesmo tempo querem ser controlados. Fico perdidinha. Me confundo, às vezes brigamos como irmãs, e é muito complicado porque quero ser diferente de minha mãe e eles querem que eu seja como ela. Claro que não querem dar nada em troca. A gente vai tentando passar valores para que eles sejam honestos, educados, éticos”. Maria Stella Okajima, de 30 anos, diz: “posso constatar que os meus medos e os meus conflitos são uma constante na vida de todos os meus amigos, cada um com sua intensidade, a seu tempo e modo, mas é uma constante”.
José Antonio Lemos, cita: “Por enquanto, como você disse, sabemos que vivemos uma grande, imensa transformação que ainda não entendemos e precisamos entender. Falam de uma nova revolução tecnológica, como a agrícola, a urbana e a industrial, as três grandes revoluções vividas pela humanidade. A vivida no século passado, a atômica ou tecnotrônica, ou como quer que a chamem, não chega nem nos pés dessas três que já vivemos e da que estamos vivendo agora, que seria a da informática. Não se pode ter a menor idéia. Os computadores como poderosos instrumentos de trabalho multiplicando por milhões a capacidade produtiva do homem, os satélites de comunicação, a aviação a jato, a internet universalizando as informações e criando um novo tipo de espaço. Vivemos um tempo em que se realiza a previsão de alguns de seus profetas: Marshall MacLuhan, da aldeia global (que está aí), e a metamorfose humana do Raul Seixas, refletindo essa sociedade em transformação”. J.Carlos de Souza aponta: “Uma das experiências que estamos passando é o teste da resistência.Na época de nossos avós as coisas eram muita lentas, os valores poderiam ser digeridos.Ao mundo foi dado a velocidade através do aprimoramento da comunicação (já imaginou quanto tempo está correspondência levaria em outrora, para chegar em suas mãos). Você mal terá tempo de ponderar sobre minha correspondência e estará recebendo outras.A mesma coisa está acontecendo com os valores. Caem valores, tabus e, com isso, os novos conceitos e valores não estão tendo tempo de se formarem.Os filhos estão dando com a cara no muro, as conquistas estão vindo mais cedo. Já se pode casar com casa montada, filho no berço e carros na garagem”. Do médico homeopata José Roberto de Souza: “Acho que tudo isso só serve pra nos mostrar que tudo no mundo é passageiro (exceto o motorista e o cobrador) e que o homem só pode ter estabilidade e equilíbrio quando se volta para o seu mundo interior, na busca da sua essência filosófico-espiritual ao responder as transcendentais questões que algum mineirim, nosso antepassado colocaria assim: Quemcoçô? Oncotô? Doncovim? Proncovô? "Mais Platão e menos Prozac" é a solução. Ou não”. O assunto continua amanhã.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/22/2006 01:15:00 AM |
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