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NUNCA MAIS
Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
Acusar Israel de agir desproporcionalmente contra o Hezbollah, pouco importando se com isso destrói a infra-estrutura do Líbano, é conhecer pouco a história daquela região ou puro proselitismo com a colônia árabe brasileira. Israel nasceu militarizada exatamente por conta de uma secular história de perseguição ao povo judeu. Cujo sangue é vermelho como o de qualquer um de nós. A diferença é que tem outra religião, assim como os católicos têm sua crença, os muçulmanos a deles, os kardecistas, os umbandistas, os protestantes - e por aí vai.
Só que ninguém enxerga assim. Desde as cruzadas, passando pelos reis católicos da Espanha, que expulsaram muçulmanos e perseguiram judeus na Península Ibérica por questões de alinhamento com o papa de então, o povo hebreu tem uma trajetória de discriminação. Tornou-se uma comunidade fechada exatamente por causa disso, e se tornaram bem-sucedidos profissionais em certas áreas - da ourivesaria às finanças - porque se dedicaram a elas. Mas legaram filósofos como Spinoza e pintores como Rubens ou El Greco, cientistas como Einstein ou Oppenheimer, músicos como Arthur Rubinstein, Yehudi Menuhim ou Stan Getz, grandes atletas como Mark Spitz. Todos glórias da Humanidade, que puseram sua capacidade a serviço de todos.
Por causa de séculos de perseguição, Israel, se tivesse um lema na bandeira, seria "Nunca mais". Criado em 1947 por causa de um clamor mundial, que vira anos antes os horrores do holocausto, se consolidou na covardia do decadente Império Britânico. Como Davi, foi jogado na cova dos leões - afinal, os muçulmanos reivindicavam a Palestina, a Cisjordânia e Jerusalém, mesmo sendo esta cidade a matriz de três religiões. E como função primeira de sua existência teve de se defender. Lutou contra egípcios, sírios e jordanianos, e os venceu obtendo armamento no mercado negro.
Criou a usina nuclear de Dimona, na década de 50, certo de que a utilização dos árabes pelos antigos soviéticos poderia colocá-lo como estopim para uma guerra nuclear entre as superpotências - tal como aconteceu com Cuba.
Israel guerreou contra Gamal Abdel Nasser, que formou a República Árabe Unida, cujo objetivo era estrangular o governo de Tel Aviv. Foi buscar, já na década de 70, seus cidadãos na Entebe da então Uganda de Idi Amin Dada exatamente porque aquilo que norteia todo israelense, todo judeu, é o onipresente "Nunca mais".
Israel é um Estado pronto a lutar para defender seus filhos como nenhum outro no mundo é capaz de fazer. Gostaria muito de viver em paz com os árabes, desde que parasse a pregação do ódio que só faz utilizar uma grande parcela de gente de pouca cultura como massa de manobra.
O raciocínio da ofensiva sobre o Líbano é simples: o Hezbollah detém 1/3 das cadeiras do Parlamento libanês e, portanto, o Gabinete do país pouco ou nada faz para acalmá-los, desarmá-los. O Hamas, hoje governo na Palestina, está sendo obrigado a negociar com Israel puramente por asfixia.
A Jihad Islâmica tem conseguido ser contida pelo Egito, mas o Líbano ainda é uma zona de profunda influência síria e, por baixo do pano, iraniana. Que, aliás, conseguiu aliviar as pressões que vinha sofrendo dos Estados Unidos em relação ao seu programa nuclear e desviar parte das atenções da espionagem israelense da construção do artefato atômico por Mahmud Ahmadinejad.
Israel ataca por dois motivos: 1) nunca mais; e 2) quem desejar a guerra, que esteja preparado para enfrentá-la.



Editado por Giulio Sanmartini   às   7/21/2006 04:19:00 AM      |