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TRANSFORMAÇÕES (1)
Por Onofre Ribeiro
Gostaria de trazer à discussão aberta com os leitores esse tema que está recorrente em todas as conversas, preocupações, discussões e angústias de todas as pessoas: o que está acontecendo conosco, com a nossa cidade, com o nosso estado, com o nosso país e com o mundo?
A tese visível é a de que estamos vivendo um fantástico movimento de transformação da maioria dos valores até então tidos como universais e verdadeiros.
Então, caberia perguntar: o que está mudando?Estão mudando, as pessoas individualmente, a família, a religião, a educação, a moral, a ética, o emprego e o trabalho, os valores morais, a tecnologia, as hierarquias de todas as naturezas, a política, a representação política, as universidades como detentoras do conhecimento universalizado, a economia e os seus modelos, a justiça estatal como mediadora dos conflitos sociais que ela desconhece completamente. Mudam os papéis profissionais diante das transformações e das novas exigências sociais. Mudam atitudes tradicionais de profissões com a medicina, o direito, o jornalismo, a arquitetura, a literatura.
Mudam ainda, os conceitos dos papéis das pessoas diante de si mesmas, diante das demais, diante do Estado, diante das religiões, diante dos valores espirituais universalizados que já não respondem mais às angústias. Mas mudam, também, pela pressão do uso das tecnologias que as impulsionam para realizar as tarefas rotineiras e as novas tarefas com o uso de ferramentas diferentes das tradicionais.
Nada mais se rege pelas regências antigas.
Mas ainda não se construíram as novas regências. Elas virão com todos os novos valores que ainda não estão completamente desenhados. Daí o caos atual que parece o fim do mundo.
Na verdade, pode ser mesmo o fim de um mundo. O mundo atual. Na ponta dessas transformações que empurram uma sociedade, cada dia mais angustiada, está a juventude. Quem tem menos de 30 anos está perdido no pântano da travessia entre o velho mundo e o mundo atual, com perspectivas do futuro que virá amanhã.
Talvez a humanidade nunca tenha se defrontado com um painel de mudanças tão velozes e tão abrangentes como está vivendo agora. Quanto mais jovens, os jovens se deparam com as contradições de sua mente aberta, e os valores velhos que a educação, a família e as instituições lhes impõem como verdadeiros. Não sabem qual será a sua verdade, mas sentem que as apresentadas não lhes servem.
Gostaria de deixar essas primeiras reflexões para estendê-las em artigos seguintes contando, naturalmente, com a contribuição dos leitores.
Não gostaria de teorizar sozinho sobre um tema dessa relevância.
Em minha casa não temos mais crianças. Mas temos netos. E vemos que a distância dos que nos separa é muito maior do que os 50 anos entre nós e eles. Vemos os nossos filhos e os seus filhos. É igualmente grande a distância entre eles e a percepção dos seus filhos. O hiato é muito maior do que simplesmente o espaço entre uma e outra geração.
Espero obter percepções para acrescentar às minhas próprias observações e reflexões e abordar junto com os leitores essa travessia de transformações.


Editado por Giulio Sanmartini   às   7/20/2006 07:08:00 AM      |