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GAME OVER
Por Juliano Schiavo Sussi
O controle na mão. O corpo estático. Os olhos fixos numa tela. É uma brincadeira virtual. O objetivo? Depende do jogo. Tudo se resume em vencer os objetivos, superar as metas e, caso não se consiga, há os códigos de trapaça, que facilitam tudo e que tornam a personagem invencível.
E as brincadeiras do mundo real? Pega-pega, cobra-cega, esconde-esconde, carrinho de rolimã? São fábulas do passado. A infância, antes praticada nas ruas, hoje está confinada num quarto. O quarto, reduto da individualidade, tem tudo a oferecer: um computador, um video-game e uma televisão. E só. Já está feita a brincadeira. Basta ligar a tela e se divertir.
A sociedade passou por uma grande reforma e por uma inversão de valores. As ruas são violentas. Há veículos, há pessoas que andam desgovernadas para cumprir suas tarefas diárias de acordo com o ponteiro do relógio. A infância do brincar, do ralar o joelho, do raspar o cotovelo, do quebrar o dente, transformou-se na infância do jogar virtualmente.
Pais e mães ausentes. Para suprir a ausência, compra-se presentes. Como ter princípios se o eixo familiar está frouxo? Como valorizar o indivíduo se o que se oferece é um presente e não o amor, a palavra, o carinho? Os valores foram trocados. E a sociedade perdeu.
É fácil para um pai colocar seu filho na escola e esperar que ele seja educado. Difícil é entender por que esse filho usa drogas, é revoltado e tem depressão. Será que a culpa é da escola? Do governo? Do PCC? Da Globo? Da Xuxa? A culpa é da família.
Vivemos em uma coletividade desguarnecida de amor fraterno. Uma coletividade que só sabe culpar terceiros e que não olha o próprio umbigo, imundo, sujo e que necessita ser limpo o mais rápido possível. Somos a sociedade da infância perdida, dos valores perdidos, do fim da esperança de um mundo melhor. Morremos e esquecemos de deitar.


Editado por Giulio Sanmartini   às   7/19/2006 12:40:00 PM      |