Por Alexandra Penhalver, Carlos Marchi e Chico de Gois em O Estado de São Paulo Alckmin acha 'muito estranho' ataque de facção criminosa, que provoca tiroteio generalizado entre candidatos Os candidatos do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo de São Paulo, José Serra, usaram ontem a mesma expressão - "muito estranho" - para comentar a nova onda de ataques do PCC em São Paulo. Serra lembrou que um inquérito policial registrou a proximidade de Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes em São Paulo durante a gestão Marta Suplicy (PT), com perueiros ligados à facção criminosa. O candidato do PT ao governo do Estado, senador Aloizio Mercadante, disse que a afirmação é "absolutamente leviana e mostra desespero político". "Há indícios (de ligação do PT com o PCC). Basta olhar as manifestações do crime organizado. O que eles dizem da política, o que dizem que eles dizem, segundo gravações. O fato de que uma das cooperativas de perueiros de São Paulo era ligada ao secretário de Transportes do PT", afirmou o ex-prefeito, em Jales, no interior de São Paulo. "Ele tem ligações notórias com esse pessoal." Tatto foi acusado de ter pedido a inclusão de perueiros ligados ao PCC em uma outra cooperativa. Como não foram encontradas provas contra o ex-secretário de Marta, a Justiça não acatou o pedido de prisão. Serra fez questão de frisar que a suspeita de ligação do PCC com o PT não está fundamentada em provas. "Eu não diria que há provas, diria que há indícios que precisam ser investigados", destacou. E comentou as denúncias de posicionamento político dos líderes do crime organizado. "Não tenho dúvida de que são muito estranhos esses ataques, nas suas implicações políticas, porque têm havido constantes manifestações de líderes do crime organizado contra determinadas forças políticas, como se estivesse se partidarizando", comentou. Mercadante cobrou provas. "Acho uma afirmação absolutamente leviana, que mostra o desespero político. A palavra dele não pode ser levada a sério depois que desistiu de ser prefeito de São Paulo", disse. "Qualquer indício, ele tem obrigação de apresentar e pedir investigação e apuração, o que nós sempre queremos na vida pública", afirmou, após reunião com militantes do PT em Hortolândia, na região de Campinas. PESQUISAS Os ataques do PCC entraram na agenda da disputa eleitoral anteontem, quando o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou que "o PT pode estar manipulando essas ações". Ele registrou a "coincidência" dos ataques criminosos com a divulgação de pesquisas em que Alckmin cresce: "O PT vive no submundo e nada mais me espanta nesse partido", disse, na ocasião. Ontem, Bornhausen foi chamado de "irresponsável e golpista" pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). "A atitude dele é desqualificada e desrespeitosa." Cedo, o presidente do PT havia dito que não usaria a violência em São Paulo "de forma oportunista" e condenou a transformação do problema em questão eleitoral. Mais tarde, recrudescendo o tiroteio, Bornhausen distribuiu uma nota para replicar. "Falta de responsabilidade na escolha de dirigentes é característica do PT", dizia o texto, citando Sílvio Pereira, Delúbio Soares e Bruno Maranhão, ex-dirigentes do PT que estão sendo processados - os dois primeiros, por envolvimento com os escândalos do mensalão e o último por ter comandado uma invasão violenta do Congresso. À noite, o PT paulista distribuiu outra nota, prometendo processar Serra e Bornhausen. Ontem, o vice de Alckmin, senador José Jorge (PFL-PE), pegou carona na fala de Bornhausen para ironizar: "Quando as pesquisas estão a favor de Alckmin, os ataques recomeçam. O PCC trabalha de acordo com as pesquisas." O vice de Serra, deputado Alberto Goldman (PSDB), disse ter informações de que o PCC tem trabalhado contra os candidatos do PSDB. E comentou: "Não quero levantar suspeitas sobre a quem isso interessaria." Enquanto PT e partidos de oposição foram a campo e trocaram acusações, o candidato Orestes Quércia (PMDB) cancelou ontem a sua programação na zona sul paulistana, temendo a onda de violência. O ex-secretário acusado por Serra, Jilmar Tatto, disse que as acusações policiais contra ele são "infundadas" e que suspeita de "cunho político" nas investigações.
Editado por Giulio Sanmartini às 7/14/2006 01:49:00 PM |
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