Na Tribuna da Imprensa
Presidente esquece promessa feita sábado e faz comparações entre o seu governo e o de FHC SAPEZAL (MT) - Menos de três dias depois de propor trégua, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar o PSDB. A uma platéia de agricultores em Sapezal, cidade a 480 quilômetros de Cuiabá, ele disse que o País vivia uma situação "delicada" durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1998-2002). "O Brasil não conseguia exportar o que produzia e tinha pouca reserva em dólar para garantir a exportação e a importação", afirmou. Ao inaugurar um trecho de 14 quilômetros de asfalto da BR-364, obra que estava pronta há três meses, Lula repetiu um bordão da campanha pela reeleição. "Quero dizer para os nossos adversários: deixem o homem trabalhar, porque as coisas vão acontecer neste País", disse. "Vamos trabalhar de forma carinhosa para que o Brasil viva os melhores momentos de sua história." Numa conversa sábado com o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), Lula disse que iria procurar os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco para dialogar. O presidente garantiu, segundo Virgílio, que não iria mais fazer comparações entre o seu governo e o governo de FHC. Sábado, o próprio FHC e outros representantes da oposição deram declarações contra qualquer conversa com o presidente.
Lula disse que não foi responsável pela crise atual na agricultura. Ele prevê um "sinal extraordinário" de recuperação do setor. "Houve um tempo em que disseram que o presidente Lula não gostava da agricultura e do agricultor e a crise era por conta do presidente da República", afirmou. "Tenho consciência do que representa a agricultura para o crescimento de Mato Grosso e o desenvolvimento do nosso País." Lula defendeu uma política de seguro agrícola para ressarcir o setor e evitar que os produtores sejam pegos "de calça curta" em épocas de crise. "Passados dois anos de crise, o sinal de que a agricultura vai se recuperar é extraordinário", disse. "A agricultura foi, é e continuará sendo um dos pilares do desenvolvimento deste País." Lula evitou comentar sobre as críticas de ambientalistas ao avanço da soja na Amazônia. Disse apenas que "é preciso respeitar o meio ambiente" e "preservar o Estado". "Eu prevejo momentos excepcionais para a agricultura brasileira", ressaltou. Cigarrilhas Por decisão da prefeitura comandada pela família Maggi, as escolas públicas de Sapezal interromperam as aulas para que os alunos pudessem participar da inauguração do trecho da BR-364. Várias delas passaram mal por causa do calor. Lula chegou a interromper o discurso no momento em que uma menina era socorrida. Mais de duas mil pessoas participaram da festa de inauguração do trecho da rodovia. Lula, segundo assessores, usou a inauguração da estrada apenas como pretexto para conversar com o governador reeleito de Mato Grosso. Desde o segundo turno, quando deu apoio a Lula, Blairo Maggi, se tornou o maior interlocutor do presidente com o setor do agronegócio. Em troca, Maggi tem conseguido garantias de repasse de recursos para a área de infra-estrutura no Estado e o escoamento da produção de soja. Lula perdeu em Mato Grosso para Geraldo Alckmin nos dois turnos. No segundo, o presidente teve 49,69% contra 50,31% de Alckmin. No discurso, o presidente prometeu fazer um segundo governo melhor que o primeiro. "Só tem sentido uma pessoa ser candidata à reeleição se ela tiver consciência de que precisa fazer mais e melhor que fez no primeiro mandato", disse. "Todo mundo sabe como era e estava o Brasil (antes dele)", afirmou. "Já consolidamos a economia brasileira e criamos as condições para termos um segundo salto na distribuição de renda." Ele avaliou, no entanto, que a distribuição de renda só ocorrerá com crescimento econômico e melhoria da educação. "Temos de fazer aquilo que o Brasil está esperando há anos", disse. O presidente não apresentou metas de crescimento, mas disse estar confiante em números positivos. "Nunca o Brasil teve tanta segurança em reservas em dólar", observou. O presidente passou a noite de segunda-feira para ontem numa das fazendas de Maggi no município. Lá, aproveitou para fumar cigarrilhas holandesas com assessores. Pela manhã, passou de carro em frente a uma escola e um hospital inaugurados recentemente.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/22/2006 12:31:00 AM |
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