por Dora Kramer em O Estado de São Paulo São muitas as reclamações sobre o tratamento dado pela imprensa à condenação do sociólogo Emir Sader por injúria contra o senador Jorge Bornhausen, a quem chamou em artigo de “fascista”, “repulsivo”, “ladrão”, “explorador e assassino de trabalhadores”, em reação à frase do senador sobre o desejo de se ver “livre dessa raça pelos próximos 30 anos”, referindo-se ao PT. Argumentam que a mesma liberdade de manifestação invocada para criticar o governo deveria ser alegada agora para censurar a sentença do juiz Rodrigo César Valente contra Sader. As queixas não procedem, pois são questões totalmente diferentes. Uma coisa é a liberdade de se dizer o que se quer. A outra é a eventual ofensa cometida e o conseqüente recurso do ofendido à Justiça. Não se contesta - ao menos aqui neste espaço - o direito de ninguém, seja político ou não, de ir aos tribunais em busca de reparação se achar os escritos ofensivos. O que se condena em determinadas pessoas é a nítida intenção de criminalizar o exercício da crítica, da opinião, da interpretação e por vezes da mera reprodução de atos e fatos. Estes querem, da imprensa, concordância e consideram qualquer coisa diferente de aplauso, crime. No caso de Jorge Bornhausen contra Emir Sader, aquele se sentiu ofendido por este e foi “buscar” seus direitos, assim como o condenado em primeira instância pode recorrer judicialmente. Assim é a vida, assim é a democracia. Simples, muito simples.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/05/2006 05:27:00 AM |
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