Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
FICA COMBINADO ASSIM
Por Fábio Grecchi na Tribuna da Imprensa

O PT tem uma história de pensar mais com o fígado do que com o cérebro. Durante os anos de Fernando Henrique Cardoso, foi pródigos em denúncias, protestos e pedidos para que o ex-presidente jogasse a toalha e saísse pela porta dos fundos.
Em muita coisa até tiveram razão, mas em outras - e hoje se vê melhor à distância - era pura reação raivosa, hidrófoba, ao adesismo que sempre foi marca da política brasileira. FHC contava apenas com o PFL e o PSDB, mas via benesses cooptou as demais legendas que hoje se seguram no balaústre do bonde de Lula.
Tanto que os petistas, sempre que podem, compram briga com a imprensa. O presidente em exercício do partido, Marco Aurélio Garcia, foi absolutamente claro ao afirmar, em entrevista publicada sábado, que os anúncios do governo deveriam sair apenas naqueles veículos que estão com o Palácio do Planalto. Quem critica ou ousa ser voz discordante deveria comer o pão que o diabo amassou. Onde quer que esteja, Lourival Fontes rendeu emocionados aplausos.
Mas não é apenas isto. Assusta ouvir alguns comentários de petistas sobre o crescimento do espaço do PMDB no governo: vão desde posições mais ponderadas, como a disputa legítima pela manutenção do atual espaço do partido, ao boicote puro e simples do novo colega de ministério. E não são bagrinhos que defendem tais opiniões, mas gente com poder de movimentação no partido, muitas de projeção nacional.
Lula pode até achar que tem o PT na mão. Quando manda a legenda recuperar o próprio passado, voltando a ser referência em matéria de ética na vida pública, é um incômodo puxão de orelhas. Na reunião da executiva do partido já houve época em que as pessoas ficavam mais constrangidas com uma admoestação destas. Atualmente, há quem considere que é ranhetice do presidente da República.
São justamente esses que preocupam. Pertencem àquela parcela que tomou conta da máquina pública, sem qualquer credencial ou competência, para criar uma burocracia no melhor estilo soviético. São os que criam braços paralelos de atuação pública, à sombra do partido - mas não sem o conhecimento de personagens de peso -, para atuar em operações de sabotagem política.
Os tais "aloprados" eram uma espécie de "skunkworks divison" (ou "plumbers", para usar a comparação com o pessoal de Watergate, que esta coluna habitualmente lembra), cuja extensão ainda não se tem noção exata. Trocam telefonemas e conversam sem muito cuidado sobre formas de solapar o PMDB.
As movimentações para a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado serão o primeiro campo de batalha. Os peemedebistas, macacos velhos, estão à espera de pequenas sabotagens vindas do PT e acham que será o evento ideal para que o véu de bom-mocismo caia. Resta aos petistas surpreenderem e conseguirem controlar a turma chegada a um subterrâneo.


Editado por Giulio Sanmartini   às   11/27/2006 01:57:00 AM      |