Por Giulio Sanmartini
Prezado Digo Mainardi. Nem sei se lembras de mim, havia acabado de ler teu livro “Contro il Brasile”, aqui em Belluno (onde nasci e vivo) e fiquei sabendo que moravas em Veneza. Pelo catálogo, obtendo o número, consegui telefonar-te, falamos sobre o livro e sobre índios, trocamos alguns e-mails, parando por aí, mas continuei a te acompanhar através da Veja. Sempre fui um admirador de Mino Carta, desde 1968 quando surgiu a Veja, depois mudei para Isto é exclusivamente para acompanhá-lo. No início dos anos 1980, morando em São Paulo e tendo amizade com sua secretária, fui a uma sua vernissage e pude, como diria Machado de Assis, “conhecê-lo de chapéu”. Também foi só. Sou sincero, muitas vezes te acho exagerado, seja nas críticas seja na rigidez das posições, mas tenho que reconhecer que estas últimas são sempre coerentes com teu método. Com relação a Mino Carta tentei ler Carta Capital, mas decididamente não me agradou a posição política assumida pela linha editorial da revista, me soava falsa, não era a do profissional que admirava
A polêmica, sem perder o estilo e a educação, faz parte da vida de todos os jornalistas formadores de opinião, sem ela tudo fica insosso. Portanto não me causaram a mínima surpresa seus embates com Mino Carta, bem como os deste com Alberto Dines. Hoje ao ler o blog do Reinaldo Azevedo, pensei que estava enganado, que não era bem o que minha mente me forçava a entender, mas lá estava escrita a ofensa de Mino Carta para te atingir: “‘Não se aborreça com Diogo Mainardi, afinal o máximo que o cidadão produz com perfeição é paralisia cerebral.” fazendo uma alusão ignóbil a um de teus filhos. Quando consegui avaliar a profundidade, a maldade, a desproporção da invectiva que estava te sendo lançada, uma onda de asco me esbofeteou, levantei da cadeira com receio que vomitasse no computador. Mino Carta me fez, por um momento, perder o orgulho de ser italiano e jornalista. Me envergonho de ter um compatriota e um companheiro de profissão que use a baixeza, o cinismo e a vilania como base do que pensa e escreve. A ele que se jacta de sua italianidade, de ter nascido onde surgiu o humanismo e renascimento, falta-lhe caráter e dignidade para fazer parte dessa cultura. Mesmo sem estar autorizado, mas conhecendo o povo italiano, em nome deste te peço desculpas, pois não somos canalhas e não toleramos os pulhas. Aceite a solidariedade de um pai, avô e cavalheiro. Giulio Sanmartini
Editado por Giulio Sanmartini às 11/27/2006 01:42:00 AM |
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