Apesar das pressões, Oswaldo Bargas, sindicalista histórico da sigla e amigo de Lula, e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, ainda não pediram desfiliação da legenda.
Há algumas semanas, vários dirigentes esperavam que os dois se retirassem espontaneamente do partido, repetindo a iniciativa de outros dois envolvidos no episódio do dossiê: Hamilton Lacerda, ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista, e Jorge Lorenzetti, ex-analista de Risco e Mídia da campanha de reeleição do presidente.
Com isso, a sigla esperava evitar o desgaste de ter que instaurar uma Comissão de Ética para formalizar as duas expulsões, conforme exigido pelo regulamento interno.
Mas o fato é que o PT já está em desacordo com seu próprio estatuto. A 'expulsão política' anunciada em uma reunião da Comissão Executiva Nacional no início de outubro, foi baseada no inciso I do artigo 288 do estatuto.
A regra permite a suspensão provisória de filiados que contrariaram as normas partidárias por um período de, no máximo, 60 dias, dentro do qual o partido deveria concluir o processo disciplinar interno de responsabilidade da Comissão de Ética. Restam cerca de 10 dias desse prazo e a Comissão não foi sequer instalada.
Por enquanto, dirigentes minimizam o problema, sob o argumento de que os dois filiados já estão fora do partido do ponto de vista prático. Resta apenas, segundo o presidente interino da legenda, Marco Aurélio Garcia, formalizar a expulsão.
'De qualquer maneira, eles estão fora politicamente. Se eles não se desfiliarem, haverá a instauração da Comissão de Ética', afirma.