Por Fabio Grecchi na Tribuna da Imprensa
Não será nada surpreendente se o PMDB for o partido com maior número de ministérios no segundo governo Lula. Não por causa da habilidade de Michel Temer em negociar ou sua capacidade de neutralizar o grupo adversário do Palácio do Planalto. Mas por uma série de fatores que praticamente jogaram a legenda no colo presidencial. Começando que os governistas do PMDB elegeram em outubro mais deputados alinhados com Lula do que a parte adversária. São nove no total. O outro reforço em favor do Palácio é a polêmica envolvendo a eleição de Temer em São Paulo, embrulho que ainda não foi decidido pelo Tribunal Eleitoral local. Isto enfraqueceu a ascendência do presidente do PMDB sobre o grupo dito de oposição, que fica sem uma voz forte institucionalmente.
Eis por que a consulta ao Conselho Político do PMDB, que Temer fará, soa como mera formalidade que terá o efeito de dar a bênção a uma decisão que já está tomada pela força das evidências. Some-se a isto o fato de que o governo age com habilidade para tornar o partido sua linha auxiliar, fazendo o sucessor de Temer. A eleição para a presidência da legenda, marcada para março, pode ser antecipada para fins de fevereiro, dias depois de decididos os comandos das duas Casas do Congresso. Com o enfraquecimento de Temer, o governo articula a colocação de Nélson Jobim como seu sucessor. Seria uma maneira de compensá-lo pelo fato de não ter se tornado ministro da Justiça (cargo que, aliás, já ocupou com Fernando Henrique Cardoso), função que está sendo guardada para Sepúlveda Pertence. Que, diga-se, não parece muito empolgado com a idéia. Mas caso não aceite, Jobim sobe ao ministério - apesar de se criar outro problema: quem será o sucessor de Temer, no PMDB, pró-Palácio? - e acalma a parte recalcitrante do partido, que quase toda tem ligações com os tucanos e com o governo FHC. Sem contar que com Jobim no governo, além da ponte que se cria com o lado mais hostil dos peemedebistas, há outra igualmente importante: a que liga o Palácio do Planalto ao Supremo Tribunal Federal.
Editado por Giulio Sanmartini às 11/25/2006 01:07:00 AM |
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