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SEGUNDO TURNO DA JORNADA
Por Onofre Ribeiro
Sei que vou mexer num vespeiro, mas, fazer o quê? Venho olhando a eleição presidencial sob o ângulo das profundas transformações pelas quais o país, o mundo e, em especial, o nosso estado estão passando.
Não se trata de uma simples eleição em que os votos vão dizer quem será o presidente da República. Será a escolha de uma opção de encaminhamento. Que fique claro: encaminhamento. O Brasil está passando por um filtro semelhante a uma peneira fina que filtra o que há de bom e o que há de ruim. Isso estabeleceu um ciclo. O determinismo da lógica recomenda que os ciclos devem começar e devem terminar.
Logo, essa depuração tem começo, meio e fim. E mais: tem um preço. Por mais caro que ela possa, eventualmente, ser, ainda será barato que se pensar que o futuro está ali adiante e que para a História, o amanhã não quer dizer nada se não estiver amarrado em propósitos.
Não quero dizer que a eleição deva ser vencida por A ou por B. Mas que A ou B serão os depositários da ampulheta das transformações. É o destino inexorável dentro das questões macro-cósmicas que neste momento empurram o mundo para um aparente caos.
O segundo turno nessas eleições tem uma função muito oportuna. Os dois candidatos passaram por um processo dialético de construção, de destruição e de transformação de posições. Vejamos uma nuance, apenas. Lula chegou à presidência em 2002 carregando um partido e um mundo de aspirações transformadoras que acabaram na lata de lixo das contradições.
Ele tinha dois pólos, como manda a boa dialética. Um, o ministro José Dirceu, o construtor da política, dos malefícios e das “bruxarias” do poder. O outro, Antonio Palloci, na Fazenda, sustentava o elo do governo e do país com as economias nacional e internacional. Tese e antítese. Lula era o vértice da síntese. Caiu um, desmoronou o equilíbrio do governo. Caiu o outro que segurava o lado das políticas econômicas e dava amparo financeiro à questão social, o presidente entrou em parafuso decadente.
Neste momento ele precisa se reconstruir para enfrentar o segundo turno, do mesmo modo que Geraldo Alkmin precisa mostrar a sua cara e as suas convicções, que ele não revelou na disputa do primeiro turno.
Os dois entrarão em esgrima pelo poder. Mas na essência, a disputa não-aparente é pela posição de transformadores de um país de síntese mundial, num momento de severas mudanças de todos os paradigmas. Isso significa comprometer-se com reformas conjunturais e estruturais profundas que transformem o país para os brasileiros e não para os costumeiros detentores dos poderes político, econômico e corporativo, como o capital financeiro, o capital econômico, como o funcionalismo público e o poder Judiciário, para citar apenas alguns.E erradicar a corrupção, é claro.
Nesta eleição se votará por isso, e não por aquilo tradicional. Se votará pela oportunidade da jornada.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/06/2006 02:20:00 AM      |