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POR QUE LULA NÃO INVESTIGOU
Por Kennedy Alencar na Folha de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz estar pronto para discutir corrupção e ética com o oponente, o tucano Geraldo Alckmin. Ministros, ex-ministros e aliados passaram a lembrar casos e suspeitas de corrupção do governo Fernando Henrique Cardoso, presidente por dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002). E acusaram FHC e Alckmin de terem abafado CPIs quando presidente e governador.
Todo o governo diz: Lula quer debater, agora acha os confrontos na TV fundamentais para ganhar a eleição, está pronto para discutir ética, economia, política social.
No entanto, algumas perguntas sobre ética são pertinentes:
Se havia tantos casos de corrupção no governo FHC, porque o PT quer ressuscitá-los agora, quando não venceu no primeiro turno?
Por que Lula não mandou investigar tais acusações e suspeitas quando assumiu o poder em 2003?
Se houve corrupção, o presidente não teria sido conivente ou omisso por não ter determinado apurações?
Se não houve corrupção, o presidente não estaria sendo leviano e jogando na confusão para fazer um contraponto ao mensalão e ao dossiêgate?
Se Lula está realmente preparado para debates, é importante que tenha respostas para essas perguntas. Do contrário, subestimará mais uma vez Alckmin. E poderá ser dar muito mal.
No início do ano, quando o ex-governador de São Paulo foi escolhido candidato a presidente do PSDB, Lula disse a auxiliares que o achava mais perigoso do que José Serra, que perdera então a indicação partidária.
Motivo: Alckmin seria um fato novo, imprevisível. Já Serra, apesar do maior cacife nas pesquisas, foi derrotado pelo petista em 2002 e seria um inimigo conhecido. Portanto, mais previsível.
Com o passar tempo, a série de pesquisas que dava a Lula vitória em primeiro turno levou Alckmin a ser visto pela cúpula do governo como um chuchu marcado para perder. Não há dúvida de que o dossiêgate foi, sim, o maior responsável pela existência do segundo turno. A campanha de Alckmin comete um erro ao avaliar que haveria segundo fase independentemente do tiro no pé dado pelo PT.
No entanto, seria prudente o PT perceber que Alckmin atravessou o deserto com frieza e solidão incríveis. Talvez tenha tido algum mérito no cumprimento dessa tarefa. Talvez esteja mais para o adversário imprevisível do início do ano do que para o chuchu que apanhou calado na campanha do primeiro turno.




Editado por Giulio Sanmartini   às   10/06/2006 08:00:00 AM      |