Entrevistas
Arthur Virgílio
Gerson Camata
Júlio Campos
Roberto Romano - 1ª parte
Roberto Romano - 2ª parte
Eluise Dorileo Guedes
Eduardo Mahon
p&p recomenda
Textos recentes
Arquivo p&p
  
BERZOINI COMPLICA EX-ASSESSOR DE MERCADANTE
Na Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que cobrou explicações do deputado Ricardo Berzoini para a "burrice" do dossiê, o presidente licenciado do PT e ex-coordenador da campanha à reeleição negou ontem, em depoimento à Polícia Federal, participação na compra do dossiê Vedoin, que tinha o objetivo de comprometer candidaturas do PSDB.
Ele disse que só soube do dossiê depois da publicação do caso na imprensa e disse desconhecer a origem do dinheiro - R$ 1,75 milhão - apreendido em 14 de setembro em poder dos petistas Gedimar Passos e Valderbran Padilha, num hotel em São Paulo.
No depoimento, que durou uma hora e meia, Berzoini tentou afastar a crise do dossiê para longe da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva. Ele defendeu o ex-diretor do Banco do Brasil e churrasqueiro preferido de Lula, Jorge Lorenzetti, apontado nas investigações como um dos mentores do dossiê.
Mas complicou a vida do ex-coordenador da campanha do senador petista Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda, flagrado nas fitas de vídeo do hotel conduzindo a mala do dinheiro. Ouvido, Lacerda disse que quando levou a mala ela só continha material de propaganda eleitoral, papéis, um notebook e boletos para arrecadação de recursos para a campanha de Lula.
Berzoini considerou estranha a declaração porque, conforme afirmou no depoimento, o assessor de Mercadante não tinha competência para essa tarefa. Quanto a Lorenzetti, o ex-presidente do PT reconheceu que era de fato papel dele, na campanha de Lula, fazer análise de risco, o que incluía checar a procedência e o teor de dossiês contra adversários. Berzoini saiu pela garagem privativa, sem falar com a imprensa, do mesmo modo como entrou.
Embora ele não tenha sido indiciado, a situação de Berzoini continua delicada porque vários dos petistas envolvidos no escândalo eram seus subordinados no comitê de campanha à reeleição do presidente Lula. Duas semanas antes do primeiro turno, a PF prendeu os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha com o dinheiro. Em depoimento à PF, eles disseram que o dinheiro, cuja origem ainda não foi identificada, seria usado para comprar um vídeo, um DVD e fotos que mostravam Serra, quando era ministro da Saúde, numa cerimônia de entrega de ambulâncias do esquema sanguessuga.
A relação dos envolvidos no caso levou a crise para o comitê de campanha de Lula, então dirigido por Berzoini. Além de Gedimar, que fazia análise de documentos, foram citados assessores de confiança do deputado, como seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas, coordenador de programa de governo, e Jorge Lorenzetti, analista de mídia e risco do PT.


Editado por Giulio Sanmartini   às   10/18/2006 01:59:00 AM      |