A ÉTICA SOB SUSPEITA PEDRO OLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br (Brasília (DF) setembro 206) A Proposta de Emenda Constitucional que acaba com o voto secreto no Congresso é o início de uma esperada reforma política que vem durante anos sendo esbarrada pelo fisiologismo, jogos de interesses e subterfúgios suspeitos dos senhores senadores e deputados federais. Esta semana a Câmara dos Deputados aprovou o projeto com o evidente objetivo de ser uma resposta, em tempo eleitoral, ao desgaste sofrido com a enxurrada recente de denúncias envolvendo parlamentares. Busca também evitar uma absolvição em massa como a vergonhosa que ocorreu no caso dos mensaleiros, mesmo que ainda não se acredite muito em um número elevado de punições de parlamentares envolvidos com a máfia dos sanguessugas. Na verdade a Câmara agiu sob pressão da sociedade e da imprensa, pois do contrário tudo poderia acontecer, inclusive nada. Alguns parlamentares chegaram a comemorar com festa e chuva de papel picado, mesmo tendo votado a contragosto, apenas para aparecer bem para seus eleitores diante do desgaste que têm sofrido na atual campanha. Vai e PEC agora para o Senado Federal, onde o fisiologismo é maior. Teme-se que a votação enfrente resistências uma vez que a oposição é maioria e se articula para derrubar a proposta, ao contrário do que aconteceu na Câmara. Já começam a aparecer opiniões ridículas a exemplo da exposta pelo insosso e retrogrado senador Marco Maciel Não podemos aceitar uma decisão que é contra a independência do Legislativo. O próprio presidente do Senado, Renan Calheiros, aliado, coligado e umbilicalmente atado ao governo, surpreende quando afirma: O governo teria amplo poder de pressão sobre os senadores . São mais uma vez os interesses e os negócios contrariados? Na prática mesmo uma maioria suspeita de senadores deseja apenas aprovar o fim do voto secreto apenas para a casacão de parlamentares, diferente da Câmara que abrangeu o alcance da aprovação para eleição dos presidentes das duas casas do Congresso, análises de vetos do presidente da República, aprovação de nomes para cargos que a Constituição estabelece e todas as votações importantes do Congresso, dando transparência a essas votações e cada um mostrando à sociedade como votou diante de seu eleitorado. O Senado vai tentar postergar a votação da PEC para depois das eleições, em uma manobra articulada por membros do governo e da oposição, que sabem perfeitamente se juntar quando se trata de defender os próprios e suspeitos interesses. É muito prudente que se fique de olho aberto nas manobras que estão por vir e no comportamento de alguns senadores. A exemplo do ridículo suplente Wellington Salgado que no caminho da anti-ética vem se destacando como o maior defensor daqueles que corromperam, roubaram e saquearam os cofres da Nação na operação sanguessugas. Um senadorzinho de proveta mineira, de comportamento duvidoso, com relações idem, milionário à custa das benesses do setor da educação. Deslumbrado pelo poder para o qual nunca esteve preparado e amparado no apoio, com denúncias de suspeição, que recebe do presidente do Congresso e do senador José Sarney. Tem o prazer de assumir posições controversas com o intuito de estar na mídia, manda os escrúpulos às favas quando caminha na contramão da história e ainda tem a petulância de irresponsavelmente atacar figuras como o deputado Fernando Gabeira, por suas posições pela ética e contra a imoralidade pútrida no Congresso Nacional. O suplente Wellington Salgado é o mais puro exemplo do que não deve ser um parlamentar. Por essas e por muitas outras é que o Congresso está podre, sofrendo o escárnio da sociedade e exposto como a instituição mais corrupta da Nação. Só através do voto poderemos iniciar a transformação que o momento exige em busca das reformas que possibilitarão pelo menos um pouco de dignidade na política brasileira. Nós temos este poder e poderemos começar a exercê-lo já. Pedro Oliveira é jornalista e presidente do Instituto Cidadão.
Editado por Adriana às 9/07/2006 10:02:00 AM |
|