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AS LOURAS DE FARMÁCIA
Por José Inácio Werneck em Direto da Redação
Todas as espécies entram em extinção. Aconteceu aos dinossauros, aparentemente vítimas do impacto de um grande meteorito, e aconteceu aos dodós, aquele estranho pássaro da ilha Maurício, hoje existente apenas em restaurações incompletas de museus. A espécie humana, apesar de toda sua inteligência e sofisticação, depende de uma simples lei da natureza: a de que o instinto maternal continue a colocar no mundo um número de habitantes pelo menos igual ao dos que dele partem.
Em meus tempos de colégio havia um quase terror com as teorias do economista inglês Thomas Robert Malthus, o profeta da explosão populacional. O número de habitantes sobre a Terra cresceria até esgotar a capacidade de alimentação. Em 1968 houve novo impacto, com a publicação do livro “The Population Bomb”, de Paul R. Erlich.
Hoje há seis e meio bilhões de pessoas no mundo. Em 2050 estaremos com quase nove bilhões. O interessante porém é que a velocidade do crescimento de habitantes vem caindo. A ONU agora estima que, ao fim do século XXI, a população mundial estará estabilizada.
E a partir daí, poderia cair?
Se o que já acontece nos países europeus servir de exemplo, cairá. Para que o número de nascimentos equilibre o número de mortes nos países desenvolvidos, é preciso manter uma média de 2,1 bebês por mulher em idade fértil, fração imposta pelo número de mortes no parto. Em países subdesenvolvidos, com menores condições de higiene, a média precisa ser superior, mas, para efeito de raciocínio, podemos ignorá-la.
Há ainda países com altas taxas de fertilidade, como o Níger, com 7,46, Máli, com 7,42, Somália, com 6,76, Uganda, com 6,71, Afeganistão, com 6,69. Notem que citei quatro países africanos e um asiático. Dos 15 maiores índices de fertilidade no mundo, 13 são de países africanos, dois de asiáticos.
Todos são sociedades rurais e com eles sucede o que sucedeu ao Brasil quando ainda éramos um país essencialmente agrícola: os filhos são um investimento econômico, para ajudar no trabalho no campo e amparar os pais na velhice.
Isto há muito não acontece na Europa, onde há no momento 19 países com fertilidade inferior a 1,4 bebês por mulher. São populações inteiras que desaparecem e nem a imigração consegue contrabalançar a tendência. Na Rússia, que não pertence à União Européia, o índice de fertilidade é de apenas 1,28 bebês por mulher.
O Brasil dos dias atuais vai batendo na trave. Nosso índice de fertilidade, que era de 6,2 bebês por mulher em 1940, caiu para 5,8 em 1970 e agora é de 2,13.
Talvez a espécie humana ainda dure bastante, mas a reduzida fertilidade das populações européias (e, por extensão, dos anglo-saxões dos Estados Unidos, Canadá e Austrália) torna seguro que os derradeiros homens e derradeiras mulheres a perambularem pela Terra terão características africanas e asiáticas. Um estudo da ONU mostra que a última criança autenticamente loura e de olhos azuis no mundo nascerá na Finlândia, em 2020.
Daí para a frente, só as louras de farmácia.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/07/2006 03:51:00 AM      |