Por Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa BRASÍLIA - Caso mantidos os efeitos de cláusula de barreira, garantidos para funcionar no Congresso no próximo ano só mesmo PMDB, PSDB, PFL e PT. Perigam de não ultrapassar a exigência de 5% do eleitorado, espalhados em pelo menos nove estados, com mínimo de 2% em cada um, PTB, PDT, PL e PP. Condenados, salvo milagre, vêm PC do B, PPS, PSB, Psol, PV, PCB e outros que não merecem ser citados, por integrarem o rol dos "partidos de aluguel". Diante dessa evidência, fala à curta voz, no Congresso, da oportunidade de ampla reforma partidária, capaz de atropelar as estruturas dos quatro grandes. Porque as opções não se limitam à hipótese remota de os pequenos partidos se reunirem em federação. Seus integrantes, não raro, são desafetos ideológicos. A debandada dos parlamentares eleitos pelas legendas condenadas a desaparecer, para os grandes partidos, torna-se uma hipótese, mas não resolve a questão. Abre-se então a terceira via, a formação de um partidão de centro-esquerda capaz de reunir as correntes que apóiam ou apoiarão o novo governo Lula. Uma espécie de guarda-chuva a abrigar os que venham a sentir-se satisfeitos com o segundo mandato. Até mesmo uma base para a conquista do terceiro... O ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, vem dando sinais da possibilidade de serem as cartas embaralhadas. Desde a redemocratização de 1945, será a quarta vez que desaparecem velhos e surgem novos partidos. Naqueles idos, apareceram PSD, UDN, PTB, PDC, PSP, PL, PCB e outros, talvez os partidos mais honestos que tivemos, cada um dispondo de doutrina específica e representando parcelas distintas dos interesses nacionais.
Foram extintos em 1966, por ato do presidente Castello Branco, que impôs ao país o bipartidarismo de mentirinha, onde funcionavam a Arena, dos militares, e o MDB, da oposição. A partir do governo Figueiredo, puderam ser criados outros partidos. A Arena virou PDS e o MDB, PMDB, mas apareceram PTB, PDT, PCB e PC do B, PP, de vida efêmera, e outros, sobressaindo PT, que se julgava diferente. De lá para cá o PDS deu origem ao PFL, e o PSDB saiu de uma dissidência do PMDB. Era a terceira alteração. Vem aí a quarta? Pode ser, ainda que não seja fácil ao PT aceitar incorporações que fulminem sua identidade. Mesmo na baixa, o outrora Partido dos Trabalhadores resistiria. Já o PMDB, de jeito nenhum, pois acabaria se tornando matriz do novo partido. Tucanos há ávidos de aderir, mas o PSDB permaneceria, assim como o PFL, refúgio de conservadores empedernidos. Trata-se de desmoralização dos partidos, todos iguais em programas. Nenhum deixa de pregar o desenvolvimento, as realizações sociais, a distribuição de renda e outras propostas que seus respectivos governos não realizam. E porque nada mais igual a um governo do PT do que um governo do PSDB. A roubalheira é a mesma, assim como a qualidade de seus parlamentares
Editado por Giulio Sanmartini às 9/07/2006 03:05:00 AM |
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