Por Giulio Sanmartini Setembro-11-2001: Dias antes, haviam chegado do Brasil meu tio e sua mulher, íamos viajar nessa noite para o sul da Itália, como tínhamos tempo fomos até uma cidade aqui perto, visitar alguns parentes. Voltamos do passeio quase no final da tarde, deixei meu tio no hotel e resolvi ir para casa a pé, antes passei na loja de um amigo para me despedir pois ficaria fora uma semana, logo que entro ele me diz: - Viu o que aconteceu na América? - Não, o que foi? - Bombardearam duas torres… - Que torres? – perguntei pensando que se tratavam de torres de rádio. - As de New York e ainda o Pentágono, vamos aqui no bar do lado que tem televisão. Quando entrei vi uma das torres do World Trade Center que naquele momento estava desabando, demorei um pouco a entender o que ocorrera, fui tomado de uma sensação de irrealidade, não consegui ouvir o que o repórter estava dizendo. Pedi no balcão uma bebida e um telefone; liguei para minha mulher que não fora conosco. Ela estava em estado de choque, pouco antes vira ao vivo o segundo avião investindo uma das torres. Como um autômato fui para casa, liguei para meus parentes no hotel, estes quando haviam chegado não encontraram ninguém na portaria do hotel, pegaram sua chaves e estavam nos apartamentos sem saber do ocorrido. Quando nos encontramos para ir pegar o trem, apenas nos olhávamos, não tínhamos coragem de tocar no assunto. O Século XX ficou marcado por alguns acontecimentos que mudaram a história da humanidade: 29 de junho de 1914, num ato que hoje classificaríamos como terrorista, foi assassinado o arquiduque da Áustria Francisco Fernando, herdeiro do trono, o fato deu início à Grande Guerra (primeira guerra mundial)
25 de outubro de 1929, a “Sexta-feira Negra” com a quebra da bolsa de New York e por conseqüência a grande depressão, fator que levou o capitalismo a ser repensado. 7 de dezembro de 1941, ataque à base militar estadunidenses de Pearl Harbor, fez com que os Estados Unidos entrassem na Segunda Guerra Mundial e dela saísse, além de vitorioso, o novo líder do mundo ocidental. 20 de janeiro de 1942, a “Solução Final”, quando na Conferência de Wansee, os nazistas proclamaram a eliminação da raça inferior, isto é dos hebreus, foram executadas 6 milhões de pessoas dessa crença religiosa, o fato foi a mola impulsora que, finda a guerra, criou o Estado de Israel. 6 de agosto de 1945, quando foi laçada a primeira bomba atômica com objetivos militares, que terminou com a Segunda Guerra Mundial. A bomba atômica representou o fim de uma idéia de guerra, válida por duzentos anos na Europa, ou seja: um conflito armado era o prosseguimento da política por outros meios. 22 de novembro de 1963, John Fitzgerald Kennedy, presidente dos Estados Unidos, foi assassinado, sua morte representou a fim do otimismo ocidental. 21 de julho de 1969, a conquista da Lua. Neil Armstrong foi o primeiro ser humano a colocar o pé no satélite natural da Terra. A ciência do fantástico, torna-se ciência real. Como disse o astronauta ao realizar o feito: “Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”. 9 de novembro de 1989, a “Queda do Muro de Berlim”, que era o símbolo da guerra fria, da divisão da terra estabelecida pela conferência de Yalta, com ele caiu o comunismo, demonstrando que a teoria marxista que dominou a União Soviética por 70 anos, era um grande equívoco, milhões de vidas foram sacrificadas em nome de uma “Revolução”, que teve a pretensão de implantar o “paraíso do proletariado”, mas na realidade, como em todas as ditaduras, o que se fez foi um inferno. O atentado de 11 de setembro 2001 foi sem dúvida, uma das maiores agressões gratuitas da história moderna da humanidade e escancarou as portas para a forma mais fanática e covarde de terrorismo. O periódico Foreign Policy, de forma simplista define o 11 de setembro como o “dia que nada mudou muito”. No dia 12 nada de revoluções, as Bolsas não quebraram, os relações comerciais não se retraíram, a América e a Europa não ergueram suas pontes levadiças contra os emigrantes, a China continuou sua metamorfose de dragão, o Oriente Médio ficou como sempre foi. Erra o Foreign Policy, o 11 de setembro mudou a índole do nosso tempo. Não mudaram as Bolsas, o comercio exterior e a Palestina. O aproche futuro é que foi mudado, nos tornamos mais cautelosos, circunspetos, mais cínicos e egoístas. Até o dia 10 de setembro de 2001 vivíamos ingenuamente, o mar de rosas de após a Guerra Fria, uma era que o presidente Bush pai classificou como “Nova Ordem Mundial”. Mas esse sonho desabou juntos com as torres do World Trade Center.
Editado por Giulio Sanmartini às 9/11/2006 08:09:00 AM |
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