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OPERAÇÃO CONTA-GOTAS
Por Dora.Kramer em O Estado de São Paulo
A semana passada terminou com o ministro da Justiça dizendo que o caso do dossiê estava 'praticamente esclarecido'.
Esta semana acaba amanhã ainda sob o signo da insistência da Polícia Federal na versão de que é impossível qualquer esclarecimento definitivo antes do primeiro turno da eleição, mas a pressão por informações já trouxe a público o nome do homem da mala, o portador do dinheiro entregue aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha para o pacote incluindo compra e publicação do material.
Trata-se de Hamilton Lacerda, assessor de comunicação da campanha do candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, demitido sob a alegação de que havia oferecido o dossiê à revista IstoÉ, numa ação sem qualquer intenção de compra e venda.
O próprio Mercadante corroborou a história do assessor, hoje sabe-se mentirosa, porque a polícia, mediante análise dos vídeos das câmeras de segurança do hotel onde foram presos os petistas, constatou que Hamilton levou o dinheiro.
Portanto, eram mentirosas também as declarações de Valdebran e Gedimar sobre 'dois homens' cujos nomes ignoravam e que teriam sido responsáveis pela entrega do R$ 1,75 milhão. Um deles seria conhecido por 'André'. Tudo ficção, tentativa de atrasar as investigações e retardar a descoberta dos mandantes do crime.
Ou seja, o procurador Mário Lúcio Avelar não estava, como alegam os presidentes da República e do PT, a serviço de uma 'jogada política' quando pediu a prisão dos envolvidos. E não o fez como lance de efeito, sabendo que não poderiam ser presos dias antes das eleições, como acusou um delegado. Fez no prazo possível, já que o primeiro pedido havia sido negado pela Justiça.
Já a Polícia Federal, pode-se dizer sem receio de exagerar, fez corpo mole, pois não é crível que tenha levado quase duas semanas para identificar, numa gravação feita em hora e dia conhecidos, uma pessoa cuja fotografia saiu em todos os noticiários.
Ontem o Banco Central avalizou a impressão de que a PF faz uma operação conta-gotas ao dizer à oposição, e depois em nota oficial, que ninguém, nem a polícia nem o Ministério da Justiça, pediu informações para ajudar no rastreamento do dinheiro.
A próxima semana começa com Luiz Inácio da Silva reeleito presidente ou como oponente de Geraldo Alckmin no segundo turno.
Em qualquer das hipóteses, Lula terá de se defrontar com o resultado das investigações desprovido do argumento de que tudo fez para esclarecer de onde veio o dinheiro para pagar o dossiê.
E 'fazer tudo' no caso não significa interferir no trabalho da polícia, muito menos extrapolar de suas funções, mas ser enérgico com o 'bando de aloprados' de seu comitê de campanha para saber deles como, por que, com a autorização e dinheiro de quem foram atrás de comprar espaço em revistas para publicar denúncias contra adversários eleitorais do PT.
O presidente já disse mais de uma vez nos últimos dias que é o maior interessado em saber tudo a respeito do episódio.
Considerando que os 'meninos' não estão presos nem inacessíveis, Lula poderia perfeitamente ter perguntado a eles o que foi mesmo que aconteceu. De duas uma: ou a idéia não lhe ocorreu ou já perguntou e sonega ao País a informação.


Editado por Giulio Sanmartini   às   9/29/2006 07:38:00 AM      |